sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sem destino nem sensatez

A luz do Sol já está de apertar olhos. O seco das folhas se mostram. Os sinais de fumaça, os planos, os encontros, telefonemas... tal como andorinhas anunciam a estação. Breve, irá começar um silêncio, algumas questões, mordidas na boca de ansiedade e então, muito do muito que ainda está por vir. Mesmo que esteja tudo traçado a lápis, há as limitações de cada folha de papel. E das tintas que estão a manchar em tons alegres como de bandeiras, folclore, flores e cantos. Depois que o vento mover algumas areias, que o Sol bronzear mais algumas folhas, esse suor há de ser só ingrediente. E sim, eu sei como fazer as coisas erradas direito.

essa pilantragem que eu quero com você
eu tô com vontade de fazer pra te prender

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Entre o chão e os ares II

Começo a me despir do barro, do sangue. Escorro feito suor em partida de strip-poker. Desprendo-me da matéria. Vago pelo fim de tarde deixando que o vento me leve, sinto-me como uma pesada fumaça arrastada em formas abstratas e lutando para que não me transpareça. Sem olhos ainda posso enxergar um vai e vem de ondas. Desprendido posso ser o que quiser. Posso ser mar. Porque não sou ancora, não sou raiz. Flutuo navegando. O vento, recém abandonado, vem me transformar em onda. Me levanta, joga, roda. Desfaço-me em areia fofa. Do tipo que rala, que brilha dourada iluminada por Rá. Posso ser toda as pegadas desse chão. Posso evaporar. Posso voltar ao mar, embarcar. Esperar o vento me soprar. Não há em mim o vinculo dos comuns. Não há ninguém o direito qualquer de mim. Posso escolher entre todas as opções, mas não sou o tipo que espera na areia dourada o raso me afundar.

...na bubuia eu vou ♪'

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Maçãs vermelhas cortadas

Mais de perto. Imã. Feito feitiço pagão em maçãs vermelhas cortadas horizontalmente. Como o que há em 'acaso' em letras dos Hermanos. O que é melhor é o que há de mais fraco em mim. Com os sacrifícios necessários sendo pagos em parcelas minúsculas de grandes e esperadas distâncias. Das tintas e dos olhos que mudam de cor. Do muito que agora me sobra. Acreditem em minhas linhas - não é porque elas são melhores e reais. É porque são minhas. Podem tê-las, mas não possui-las. E, como são meus os traços, escolho as exceções pra minhas regras. E é dessas escolhas cortadas por adagas e mergulhas em mel que estou falando. Só pra deixar claro. É tudo aquilo das mãos, a lenda das pernas e aquelas coisas no estômago. Só que mais quente, aquecido como o que a gente põe por baixo da terra. Bem melhor.


me dê uma noite, um pouco da manhã


Volver II

O café me tirou o sono. A noite me levou ao passado. Voltei. Mas não era eu naquelas lembranças. Acumulei tanto de lá pra cá. Pude sentir o mesmo pecado febril , passear por tabuleiros , renda e couro , incomuns , pegar vidas , entidades do tempo , o fogo , o chão de madeira , a insônia , da vida boa , do que deixaram , a cor , as cartas , amantes , o sonho , amor , da real inspiração da música , da perfeição , dos minutos , deliciosos planos , dos lances , de 180 graus , de peito aberto , ou do que realmente estava a voltar . E não podia pular uma noite escura em campo aberto e com direito à fuga. É, fiz questão de ser nesse lugar. Nem os dias seguintes. Sem deixar de lembrar os cabelos mais longos. Da chuva, do pôr-do-sol, da volta pra casa. Chocolates. De parar no sinal. De 232 mensagens. Da varanda. Ou da vez do lounge. Do ilê. Das desculpas de ida ao banheiro. Tequila. De não seguir as ordens da tatuagem. Da roda e da poeira. Do alto e do cheiro de gasolina. Dos fogos, praia. Da primeira, da melhor e de todas as vezes que a saudade foi morta. Da vez que o relógio disse que era sábado. Do resto do sábado. Da ida ao consultório. Do jantar com a familia. De uns 30 segundos do blues do djavan. Da rua de trás. Da coca-cola na cozinha. Da foto que só podia existir trancada. Das duas horas no ônibus...
É, os dedos cansam na quantidade. Pobres, deixariam de existir na qualidade.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

bailar ♫


If you wanna just SCREAM
- scream your lungs out -
If you wanna just cry
- cry your eyes out -

I’mma do my thing
(that’s what I’m about)
You can cry your eyes out of your head

Baby, baby: I don’t care, I don’t care I don’t care I don’t care...
You can cry cry cry again again again

My face’s like a mannequin ♪'

domingo, 15 de novembro de 2009

Resta um

Hoje não há impulsos nervosos que levem minha matéria a encarar-se num espelho. Sei de tudo que está mim, absolutamente consciente, mas, não vejo o porque da auto-flagelação. As manchas que vejo em pálpebras fechadas formam um passado que por todo se envergonharia do agora. Mais um lamento. Não há ombros, vergonha ou coragem. Repleto vazio na palma da mão que teve que ser aberta pra que escorresse as mais belas cores que povoavam sonhos da época de menino. Enxerguei valor e não gerânios. Caí no sacrifício desnecessário. E esses olhos, que por um tempo desviarão de seus reflexo em superfície qualquer, fecham-se molhados. Resta agora o belo em dourado quando estes se abrirem amanhã. Mas de quê me serve?

sábado, 14 de novembro de 2009

Inquieto ponteiro

Veste-se de mim e me invade. Um não entender de tantos que cegas de teu querer. Se procurasse essa antiga marca nas minha recentes palavras, com a atenção de olhos desconhecidos, viria que não há nada para colher aqui. Sei que do muito que percorri não entreguei meu tempo à cores que eu mesmo quis criar pra que parecesse mais vivida a minha trilha. Não me vejo nem um pouco errado a cada vez que senti ponteiros trabalharem e fiz disso oportunidades. Daqui só vejo orgulho em toda a minha verdade. Em meu não-personagem. Em meu corpo não ser marionete de rancor algum. Ando confuso de tão repleto. Só há um vazio que só a novidade vai preencher. Feche os olhos e continue tateando a vida ao redor - só está se aproximando do ridículo. Sei é do tanto que colecionei, que não dá pra contar. Dá pra sentir. Pertencente de amor e purezas obscenas. Cara limpa.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O que lhe vale

Chega um dia, desses que nos debruçamos na janela e a paisagem parece desaparecer ofuscada por pensamentos, e vemos do que cansamos e do que valeu a pena. A brisa que aqui sopra traz a melancolia quase necessária nesses momentos. E então o pensamento nos volta para o que nos deu suspiros tensos de ansiedade nos últimos dias. Estranho que agora isso parece tão menor e desbotado. E nesses dias, os dias de suspiros tensos, dia em que todo lugar que nos debruçamos pareciam com a janela da espera, o tempo dedicado a agonia nos serve para de distinção de tudo aquilo que realmente nos vale. Que tenho certeza que é tanto que nem nos lembramos mais de todo 'resto'. É como o gnomo que sai do ponto cego de nossa visão na janela e percorre uma trilha pelo jardim. Adianta, de inicio, olhar o mapa, apegar-se no que busca. Mas logo há pedras, frutos e seres novos pelo caminho. Logo deixamos o mapa cair nessa trilha, pra que sobre espaço pra carregar consigo um pouco do que de novo há. Vagarosamente criamos pequenos desvios, colecionamos o que há neles. Não importando se é bom ou ruim. Como o caminho do principezinho até a terra, e o valor maior ao B-612 em seu retorno. Como a busca pelo significado do Rosebud do Kane. Há de servir todo peso nessa bagagem. E nas surpresas de toda tragetória o que lhe vale é o que agora te resta na bagagem.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Volver

Num intervalo de minhas palavras, num tempo tomado por pensamentos, embarco numa volta ao básico, a comparações, a promessas, marcas e barreiras. Poderia destrinchar cada uma dessas coisas que agora me vem em flashs numa tentativa de explicar o que me passa nestes últimos intervalos de ensurdecedor silêncio - mas não acho necessário. Quem sabe ainda, estes 'tópicos' de pensamentos não façam parte de uma coisa só. E acho que é. Não vejo as últimas barreiras como presságio, eu só vejo um passado. De olhos quase virados, um pouco lacrimejados e um tanto irritados, faço de alguns sentimentos objetos de prateleira. Os comparo, defino, limito. Ainda que ache em Wilde a verdade de que 'há sempre um quê de ridículo nas emoções das pessoas que deixamos de amar', não falo de algo tão forte, nem tão pouco me refiro as carapulsas que a frase há de colocar. Eu voltei àqueles dias em ouvia as belas palavras, olhava à lua pela janela. Em neblina, fumaças, eu brilhava mais que ela para alguém. No dia em que cansei - sem motivos aparente pois corações não são como fios de rede eletrica - construi tais muros, pintei em lágrimas de tons fortes demarcações no chão. E te pego me pondo no mesmo embalo. Voltei. Ainda com o mesmo cenário, único permenescente no espetáculo. Não és peso algum à minha razão. Mas não só disso que vivo. Entre inumeros dos itens que comletariam a minha ridicula lista de sobrevivência eu só sei que não há a palavra 'explicação' escrita por lá. Que entre nossos tempos tão distântes não deixei a sensação de 'retornar'. É o que desejo. O que não sei se posso evitar. E que essa pele nova possa completar a minha. Que esse sentimento velho não me faça retroceder.

vivir
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que lloro otra vez

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Boomerangue

...gastei tanta palavra por gastar, agora as pobres tentam se salvar ♪'

As palavras, inadequadamente sinceras, saem de mim. Desfilam vestidas de vocabulários, acessórios de girias, e se lançam num lugar não-pertencente de sua verdade. O não saber lidar do mundo com o que exprimo, cuspo, falo. E a culpa deve sim ser toda da emissão, de quem atirou o que era demais no que não lhe cabia. Minha. Sou eu que engulo as palavras que eu mesmo falo. De alguma forma - qualquer uma de tantas - lançam de volta, assim, pra mim. Eu não posso e nem quero controlar. Em falas, em textos, mensagens de texto, sinais de fumaça. É um dom de fluir. Uma sina. Algo sobre histórias e seus pontos finais. Um não entender rasgando velhas imagens para que tudo que devo exprimir seja então destacado. E agora, não falo de enganos do passado, de aventuras quase recentes, nem do dito que me levou a cama e que me acordou lindamente essa manhã. Refiro tão e só a mim. À todos os meus devaneios, todos os meus corações, todas as minhas gotas de saliva perdidas/gastas em todo verbo que devo parir.

Desperadamente eu grito em português {...}
Eu quero que esse canto torto feito faca corte a carne de vocês '

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Governamental


Lembro-me bem dos muros de antipatia que criava em torno de mim afim de aprisiornar-me em tudo que só a mim interessava. As cores, o agito e os sorrisos não existiam lá do outro lado. Eram discussões num total branco e preto. Não pude, em toda a minha essência, aprisionar-me num individualismo infantil quand0 todas variações – ainda em mono cor – me atingiram e acenaram com mais veemência do meu futuro pertencente total ao outro lado do muro. O outro, o desconhecido, passou a fazer parte da calçada. Mundo mostrando-me assim maior – e muito mais ruim – que todos os pés descalços que me alegravam-se nos paralelepipedos da rua 'H'e 'E'. Abrir os olhos não foi uma experiência tão dolorida quanto pra maioria. Sim, 'maioria' finalmente tornou-se uma palavra em meu vocabulário. Quando vi que mudanças benéficas não poderiam acontecer a mim e a minha nova palavra amarrei uma venda em meus olhos. Não tão diferentes daquelas paredes. Mas há caminhos tão variados e sutis para as mesmas coisas. Sutilmente, feito o embalo de alguns sambas, feito o estribilho de algumas letras, com a sabedoria de alguns ídolos, percebi que adentrava todo um dicionário, de procuras eternas por significados, pelos ouvidos. Sem filtro, aquilo passava por algum tipo de processo dentro mim e escapava-me pela boca. Ainda escapa. O hoje e agora em colunas feitas de palavras começou a funcionar como as cartas de tarot. Como uma ideia que poderia trabalhar em minha mente sem dissociar meu ego daquela minha primeira importante palavra com 'M'. A total desilusão governamental cobriu todos os pés de todas minhas ruas. Seria um nova onda ou puro efeito das idades que encurtavam suas pontes entre seus números? Sei agora que tenho mais o que pensar além da resposta pra essa pergunta. Falando no presente, encontrei na mono cor um - erroneamente chamado por muitos - mono tema. Sustentabilidade agora é uma palavra que veste saias e enfeita-se com colar de sementes. Mostrou a mim que os pés descalços da minha 'maioria' pisavam em terra fértil de ouro marrom. Que não ficariam muito tempo equilibrados ali se uma lama de gana e fios inunda-se ainda mais o que nos serve de sustento. Há uma nova cor além de preto, branco e o – já desbotado – vermelho. Há no meu dicionário há uma palavra chamada 'verde' que não se diferencia das cores daquelas ruas antigas, já citadas, nem mesmo do meu sentimento ganho ao olhar todos que transitavam nas calçadas. Posso notar agora que a venda que pus nos olhos, não é tão diferente daquela existente em estátuas em frente a fóruns. Que o governamentalismo derrubou o meu muro tal como o que caiu em 8 de novembro de 1989. Esse tombo foi causado à marretadas de consciência que sozinho posso fazer algo, posso fazer justiça, posso criar novos daqueles círculos. Que fechar os olhos não impede os ouvidos de funcionarem, a boca de mover-se, o coração de fazer algo além de bombear sangue, nem a derme de arrepiar-se. Vi que posso por vendas e que elas não impedem o todo de injetar em minhas veias um sentimento profundo que há de correr mundo como pulsar de conversas politicas em mesas de bar.