domingo, 23 de outubro de 2011

Dia desses


Dia desses lembro do quadro
- inacabado -
ali na parede, com alguns tons
com alguns embalos.
Hora dessas ele grita por um traço.



...menos rei!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Meu Redor


Trocando os sentimentos em miúdos. Em trajetória seca e fria a viagem destes paralelos em minhas veias pulsaram como muito para pouco músculo que os bombeassem. Reluzente, diferente e brilhante, como glitter de principiante, trabalhando-me na proposta de abster passado para adquirir-lhe em tempo, corpo, contrato e chocolate. Silenciando meus mantras pelos seus – tão decorados quanto. Há de estrar infiltrando-se em dúvidas e quereres nos meus pensamentos mais simplórios dos comuns ócios de final de tarde. Eu, apto e disposto. Minha razão, coerente e colecionadora de interrogações. Divagamos lado a  lado por toda trilha que se parecia com a dinastia que aquele coração já conhece de trás pra frente. Fugir-me a rota de ouvir-lhe nos meus assuntos favoritos, nas promessas mais bobas e no 'alô' mais brega para a razão (a mesma coerente e colecionadora) que pôs a balança todos os prós e alguns ininterruptos ponteiros. Caí-me assim naquilo que meus olhos podiam alcançar e minhas mãos enxergar – nesta ordem. Ouvir-lhe falar e derramar-se ao meu lado. Adentrei em todo seu discurso e colori em mente aqueles que eram nossos anseios. Mas dali em diante era opaco, monocor, não reluzente. Mostrou-se revés a mim, ao resto do mundo e a você. Toda sua matemática desafia-me em amor próprio – e maior de todos – e toda essa opacidade contrasta o meu redor e faz-me reparar neste. Doce percepção esta. O meu redor preenche-me, colore-me e me acata na mais boba maturidade, na mais estranha atenção, no gesto simples e olha-me. E por lá ocupei, como tóxico, a memória que tínhamos do que nunca, em prática, existiu. Por lá tapei-te como pedra que velhas lágrimas não trataram de furar. Daqui é muito do pouco que me restou pra dizer. Não haveria mais, não me deste muito do que lembrar. E eu que fui o último a saber.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Futuro Blue

eu tenho mais de mil perguntas sem respostas
estou ligado num futuro blue
os meus pais nas minhas costas
as raizes na marquise 
eu tenho mais de vinte muros
o sangue jorra pelos furos pelas veias de um jornal '
 

Eu fugiria a pink & floyd e contaria, em metáfora de muros, cada construção ao longo de meus reinos e calabouços. Camuflaria nomes em tijolos e pixaria frases do Wilde através deles. Quiça, poderia falar de embevecer-me e enxergar-me no reflexo do espelho, mas o creme dental e o barbeador da manhã tiraria um pouco glamour de hora dessas. Eu tenho mais de vinte anos. Meu maior reflexo poderia estar nas minhas conversas de travesseiro, ou na minha feição de final de noite. Creio que estou aqui em muros, espelhos – nos textos. Estou por entre-linhas e, sou todo rascunho. Esse rabisco em branco e preto, retratado com completa falta de rima e piedade. Sou avesso de meus mantras, sou revés de meus poréns. Sou um não resumo muito mau estendido e escrito em linhas tortas e fontes grotescas. Eu quero as cores e os colírios, meus delírios. Eu não sei o que eu queria ontem, sei de hoje. Não carrego nada, fazendo da vida uma caixa. Eu não construí mais que algumas histórias e não esperei mais que isso. Olhei a vida e me espantei: eu tenho mais de vinte anos.

Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei

terça-feira, 28 de junho de 2011

Inapropriado


Eu já caminhei por essa via da nunca tida conversa. Estrada suficientemente descalçada e empoeirada para que retorne pelo mesmo caminho. Perceptível a minha não reação de descompasso previsível se fosse a seis meses atrás. Fincado meus pés sob forma de não-resposta e despreocupação. Quem sabe posso ocupar o silêncio dos próximos meses com aquela sua voz fingidamente irreconhecível, ou desocupar-me no barato do dia-a-dia desperto e plural. Já não faço relatório do que me é  ar em bolhar à estourar em saquinho plástico, tão pouco planos de calor pro inverno. Isso já não me rende insônia, discurso ou texto. Já não me rende as horas, nem o pulso. Há preguiça e amor próprio aqui. Um pouco de sono e limites. Paciência. Tenho a eternidade, horas vagas e telefone.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Espaços

entre na minha mente estale os dedos no espaço das fresta de dentro dela .povoar o bastante pro sorriso. divididas elas voaram imperfeitas soberanas cruas livres.vagam entre linhas sistemas de celulas,nucleo, neutrons ...ora !!!so usar sua capacidade infinita .negra quantica e clara verdade.
(Otto, mondotto, 24/04/2008)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Inventa um outro mantra


Uma pausa antes da próxima dose. Talvez se deixasse a sinceridade me invadir eu não parecia comigo mesmo. Se das minhas conformidades fizesse meus discursos de horas vagas eu não sei se valeria as demais repetições que criei em armadura de alma jovem e sem freios. Eu não ditaria meu orgulho se pudesse deter meu ego. Eu não revezaria com água se não temesse a ressaca. Eu não teria você.jpg pra recordar. Não iria procurar se no fundo sei que só tem um endereço para encontrar. Seria bobo e pouco peculiar na insistência. Em verdade, seria conformado e realista. Vou tratar de lembrar o que ser no lugar do que por vezes se é. Falar com meu reflexo no espelho do banheiro do bar. Vou deixar deixar recado na minha caixa postal. Post-it no auto-ajuda. Inventar algum código e escrever de esferográfica na palma da mão. Usando a ponta do dedo, tentar escrever à mesa com o suor do copo da última e gelada bebida. Tentar formar as letras com a fumaça do cigarro. Eu vou me sujeitar a por em pedaços de papel e distribuir por cada bolso. Vou arriscar assim. Por aí. Vou fazer de mantra. Vou me repetir.

Quatro. Nove. Zero. Oito. Zero. Hífen. Quatro. Sete. Zero

sábado, 4 de junho de 2011

Agora e até daqui a um segundo


Sem medo da hora, com a roupa de ontem, retina desperta e cara de nunca mais. Percorrer os braços no ar na extinção proposital de ponteiros e pressa. Dedicar-se ao ego, ao papo e ao copo. Escorrem as gotas de suor em madrugada fria e os pensamentos varrem o cansaço. Há mais o que se fazer do que levar-se a sério. No sol  a despontar no horizonte não se interpreta mais 'amanhã', e sim tudo que foi ontem. Ando em letras, saudosista, canceriano, planetário, flutuando, lixado e atiçado. Vou cantar as pedras, viver em primeira pessoa. Eu existo até o próximo bocejo. Engano a morte e a dúvida em cada limite. Talvez devesse agora estar com frio e sono, mas eu prefiro o teto, o texto. Prefiro hoje, junho e a vida inteira.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Check-out


.Eu não sei a que horas as portas fecharam. Acabaram as liquidações sentimentais e apegos baratos. Não, não foi por falência. Nem tão pouco por arrebatarem todo estoque – quase isso. Mas houve quem não soubesse explorar todas as funções e quem soubesse por em altar. Vai ver é pela falta de gosto em linha tênue. Ou extinção da mesma. Ah, essa loja de antiguidades, ou coração, que quis comportar um milhão de pedidos e, por vezes, nenhum destes. Talvez até falte um neon na faixada que deixe subentendido que na manhã seguinte é hora de manutenção interna. E, quando não for... Esquece! Já passou e esqueceu o caminho de volta quem fizesse isto de franquia vinte e quatro horas. Eu vou por na prateleira dezenas, e não há espanador para as horas de menor movimento. Assim acho. Eu tenho gostado de começar pelo ponto final. E acredito que este deveria ser mais visível e não mais mau interpretado.  

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Qualquer passado desses


É sobre todas as coisas amontoadas num fundo de gaveta. Já é noite e a lua não se define bem. Como se papel pudesse embevecer e encarar  tal como um espelho. Uma exaustão do que estava jurado de esquecimento. Não há mais o que emendar no fio que percorre o cotidiano e, hora dessas, vamos saltar ao chão e encara-lo como mais do que rimas de canções de fim de noite. Há aqui uma necessidade de olhar um passado atado por tudo que me é repetitivo, batido e – insistentemente – assistido, como se não houvesse vida além dessa sessão da tarde. Como jus a todo sangue que percorre veia e toda vida que age em sopro; vi no conforto e calma, algemas e amarras; vi perfeição no incerto e improvável. Toda verdade que devo parir quando chegada a hora é todo verbo que devo cuspir em tons mais imperativos que os infantis e iludidos que releio numa caixa de saída enquanto envergonho-me disso. Não reconhecer-se em suas marcas deixadas é a pior de todas as insônias. Andam por aí a contabilizar o abstrato e compor a fome se sinceridade vale-se moedas. Olho mais de perto. Não há em mim respaldo para preencher a fila de reclamações. Encaro agora porque já não posso entorpecer-me da mais completa falta de realidade e responsabilidade. Não omito lado oculto da lua; mas por outro lado há outro lado - redundância querida. Sou metade esse que pode hoje gargalhar de muros rosa, bancos, balanços e render-me a outros tantos muros, ladrilhos, cotidianos, moedas, sessões da tarde...
Há em minha pele poros e algumas marcas. Não nego que são visíveis. Mas eu posso olhar mais para a frente.

...essa calma que inventei - bem sei -

custou as contas que contei ♪' 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Vale Quanto Pesa


Reza a reza. Sussurra Melodia no volume mais alto. E me enche de mais do mesmo que me trouxe até aqui. Eu, delituoso - e um tanto cara de pau -, finjo a síndrome de perfeição. Vou sempre certo, forjando. Caminhei, até agora a pouco, a questionar-me onde deixei abertura para diversidade de silêncios como estrondosas respostas. Não que eu tenha perguntado alguma coisa. Eu me troco pelo troco, me diluo feito pó de café barato em carreira de estudante. E quem há de pagar pela oferta tão procurada? E ofereço-me a prazo, com parcelas homeopáticas de romantismo, coberto de amor e juros - e nenhuma jura, vale dizer - da cabeça aos pés.  E pra mais sincera falta de sinceridade, quanto paga? E a mais nítida falta de rima e extinção de poesia? De ontem em diante, mais afirmado. Novo velho. Aí, da minha mais farta falta de sentido às Segundas. Aí, de mim. De nós dois...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

03:10 AM


Pertuba-me a hora. algumas aves já acordam. e não era para me recolher em palavras. era estar profundo em algum sono e planos. Hora de estar além da hora. Ainda que desperto, pertuba-me o estar onde não era. Preocupa-me o que deixei. acomete-me o vago. E nesses, sobram o sempre os pensamentos sem doma que devaneiam sobre o pulso que devo criar, as frases que devo rescrever, a coragem de se re-ler. Vem, como um pulsar de brisa ao final dos choviscos de outono, a batida dos ponteiros. Vem lembrar-me dos passos ..passou da hora.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Respingos no guardanapo de ontem


Não sei dizer que escrevo porque preciso, tão pouco que sei sobre duradouras lamúrias. Não sei palavrear sobre o que impõe o comum e reforma o ontem em ficção para por olhos ao fim de um texto. Descrente que observa-se significa progresso ou rotina seja falta de algo e repele caos. Totalidade de anseios sem repousar as palmas das mãos sobre as próprias pernas ou deixar últimos goles. Não se tem o que refletir do que não seja possibilidade genérica de insônia. Tudo pra que não seja ponto final. Ponto.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Como um ponto G divino sobrenatural - Parte 2


… retomar a fala. Daqui vê-se que ainda andas de viés; que – por vezes – sente frio na nuca pós tesoura do desejo. Que se arma e enrijece à medida dos lastros da cama. Que caminha na volúpia. Libido quae sera tamen. E, no olhar para o lado, pergunta-se do que se pode extrair: o que poderá ser lembrança? Sei que só andas a contar o que era para qualificar. Que pensa nessa noite? Há de passar pelo vazio, de quando não estás com a mente ocupada, todas as questões pertinentes a amanhã. Quando amanhece o sorriso em face e anoitece língua em nuca – o que fazes ao meio-dia? Vejo-te no reflexo, numa plenitude de poucos planos e panos. Quando deixas de ser as palavras que envias na madrugada, é recordação que te resta – fora sono. Sei que agir contra a calma, resulta a surpresa. Como agir contra a incerteza, resulta num texto qualquer. Sei que toma forma à custa de orgulho. Toma fôlego à custa de toxico. E tendência, toma à custa de acordar. E quantos sabores e quereres tem para essa semana? Mais que a troca e destroca de pronomes. Tenta apagar em branco e fingir que não há quem te deixe no mais fulgás vermelho. Não pertencer, friccionando-se em qualquer 200 fios. Atenuando-se.

Mesmo propriamente dito sendo bem real, afinal 
{...}
Glitter de principiante
Gloss de beijos de amantes '

terça-feira, 22 de março de 2011

Eu sou do tempo que a gente se telefonava


Você  aí e eu aqui
meu mundo você nem sabe
De longe quero dar sorte
te fazer bem, te fazer rir

Já compreendi que o movimento faz a gente existir
e que o 'pra sempre' fica há um palmo do meu nariz.
Quero parar o tempo quando penso no que eu não fiz,
mas com você não fazer nada é tudo que eu sempre quis

{...} o mundo tá muito pequeno pra eu não insistir '
_______________
Blubell


domingo, 20 de março de 2011

Como um ponto G divino sobrenatural


O que bem faz aí? Anda com as palavras rodeadas de pontos de continuidade e pontos finais. Dá volta com o corpo em outros corpos. Abre a guarda e pões fios de nylon no coração. Por vezes, fecha-se e põe mais prazer no lugar do que havia de ser a próxima canção. O que vai deixar pra fazer amanhã? Vai adiar um encontro, [des]crente que outros tantos desse virão. Depois pôr a mesa e dar lugar. Percorrer esses ciclos; perder-se em rima, desafiar-se no sono, distrair-se com a chuva, contabilizar gotas de suor. Sei que talvez quisesse ser uma dessas. A percorrer pele, a ser um sinal de cansaço, brotar dos poros e nele debruçar-se e secar. Quanto tempo vai perder amanhã à noite? Vai parar de medir a lua – porque ela não está ali pra isso. Vai descrever o sexo pra acompanhar o cigarro. Querer ganhar o tempo de agora, para no futuro poder perdê-lo sem culpa. Vai, quem sabe, abandonar o texto...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ensaio


Certo que não-certeza difere de incertezas. Ando repleto da primeira. Penso em não pensar no futuro blue, na canção do despertar de amanhã de manhã, tão pouco o 'bom-dia' ou a manchete do jornal que não vou comprar. Fico no apego de abstratos esquecimentos. Vai me dar mais para lembrar? Vou escutar canções bobas, fazer rimas bregas. Não, não vou. Creio que irei no que é errado, desgostoso, mata a fome e pode pertencer-me. Caminharei dual, duvidoso, seu – não! –, de quem quiser... tão pouco; que eu queira, seu – querendo mesmo – serei meu e da próxima canção.

terça-feira, 15 de março de 2011

Home, sweet home


Daqui os passos ecoam, como backing vocals de soul. O sorriso leve (leve, pousa) de canto de boca, rasga como sax. E a rotina de devanear por paredes e lares torna-se casa. Um canto confortável nos endereços que vão sendo distribuídos por aí. Não há o que se fazer entender do cotidiano. Por essência, é. Isso o basta. 

sábado, 12 de março de 2011

Quanto ao pano dos confetes


A principio tomei a ver-te como um pouco mais do que a noite me parecia. Nos instantes seguintes era instantâneo. Era o transtorno obsessivo compulsivo de meus lábios, a lesão por esforço repetitivo de meus braços. Um permanecer sem esforço. Um descompasso de frevo, um ultimo gole na cerveja passageira dentro do copo ...À subir à cabeça e deixar ébrio e com a nostalgia de uma quarta-feira qualquer. A cena parecia mais entretenimento de divindades. Demonstração do que dali em diante iria faltar. Era mais do poderia ser.  

Beautiful stranger, 
I wanna loose my mind
Beautiful stranger, 
in the depth of your eyes
{...}I remember

Em vias tracejadas


Meia duzia de peças de roupas, contas pagas, e porções gratuitas de 'bom-dia'. Tanto e tão pouco. O muito que não mata a sede. De boca seca caminhava na linha traçada do chão. Como quem da caminhada sedento à alguma miragem. E, sim. Os mapa acabam por levar à fonte. Límpida, azul e doce corredeira. Banhei-me às margens. Como quem acha que a sede foi morta, que suor pode ser doce e que fazer as coisas certas, recompensa. E caminho de ida nunca é tão igual ao de volta. As porções de água que trouxe o frescor que os mapas deixam escorrer entre os dedos. De nada adianta o muito. Sobram saudosismos e alguns remédios.


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Coleção



Imerso na promessa de não alimentar com cores o que sempre me começou em branco e preto. De não gastar as canções da De La Riva, ou rimas do Jeneci. De ser assim, pouco sincero. Pelo menos, enquanto for pra ser. E de colecionar mais do mesmo. De chamar obrigação de pecado. Chamar pecado de lei. Trocar consolo e paixão. Pudor, preliminar. E fazer cena de cada desfecho. Foi meio Almodóvar, meio Fellini ...assim bem – clichê – música do lenine. Com doses menos saudosistas, astrológica e exageradamente. Com mais vertentes. Secamente pouco maleável. Esse histórico que se torna letras de post-it e fios de lã no dedo. E é muito do pouco que sobra. Um tanto do que ainda se tem. No olhar pro lado, pro presente, estimativas em cada célula que vou possuir até o fim dessa noite. Amanhã de manhã, estatísticas. Repleto da não-satisfação. Sorriso à face e lã ao dedo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mal sucedido


As velhas palavras cuspidas depois dos mais tolos desencontros – desta vez – não foram ensaiadas. Afinal, algo tinha que acontecer de forma diferente. Para dar, mesmo que ilusória, uma sensação de progresso com a aprendizagem das experiências (segundo Wilde esse é o nome que damos aos nossos erros) anteriores. Nas curtas linhas do tempo, quando intensas, já se pode prever o que se há de guardar numa caixa negra de recordações que serão postas à prova na reta final de sentimentos validados. E como uma dinastia dos fadados ao encontro de quem não poderá jamais interpretar teus pensamentos como desbravam curvas do seu corpo, o previsto tornou-se o certo. O velho clichê de valer a pena abdicar-se um pouco de si mesmo para compartilhar-se, parece-me cada vez mais empoeirado e tolo. As palavras acabam por dividir suas afiações em pé de igualdade com o silêncio da frieza mórbida. Nunca será uma questão de certo ou errado – e por mais que repita isso sei que será em vão. Caminha por entre essas duas a linha tênue da prática. Onde utiliza-se das palavras sussurradas em pé de ouvido ou recém deletadas da caixa de entrada para serem postas aonde as pupilas possam se dilatar e lacrimejar. Cada letra como uma celula, cada frase um pedaço, cada texto um corpo. Dizeres plenos: Se – e eu não acredito nisso – surgir em tua madrugada mais estrelada, alguém que possa te oferecer o mesmo olhar que te dava em quanto tu dormia e quando abrir os olhos encher as paredes de palavras, prove. pro. ve. Mostre pra alguém que você não é de nada.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Através do espelho

Pode ser quem você já é. Pode criar o que poderia ser. Jamais tornará diferente o que os outros já são.

E se antes - bem antes - um pedaço de maçã
...hoje eu quero a fruta inteira!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Agora


Abri a garrafa para me embriagar da dose diária de ilusão. Consistente como um copo meio cheio. Liberto como um ébrio a escorrer por cantos de bocas. Outro e outros goles para manter-se afastado da ressaca - que é moral. Afim de não deixar lacunas para a mente devanear sobre as opacas realidades. Ocupado com o próximo riso e com calor que faz. Fincando os pés na certeza que não podem controla-los. Tratando de não ler os rótulos de todas as garrafas. De toda palavra que devo cuspir 'agora' é a primeira delas. De não ser suficiente vou embriagar-me dessas aventuras. Escrever biografia na pele e fazer juras que não vou cumprir. Vou afogar experiências banais e servir-te da mesma dose. É tudo que devo ser agora e até quando mudar de idéia.


Pedacito de Cielo

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Marina De La Riva - Pedacito De Cielo