quarta-feira, 6 de julho de 2011

Futuro Blue

eu tenho mais de mil perguntas sem respostas
estou ligado num futuro blue
os meus pais nas minhas costas
as raizes na marquise 
eu tenho mais de vinte muros
o sangue jorra pelos furos pelas veias de um jornal '
 

Eu fugiria a pink & floyd e contaria, em metáfora de muros, cada construção ao longo de meus reinos e calabouços. Camuflaria nomes em tijolos e pixaria frases do Wilde através deles. Quiça, poderia falar de embevecer-me e enxergar-me no reflexo do espelho, mas o creme dental e o barbeador da manhã tiraria um pouco glamour de hora dessas. Eu tenho mais de vinte anos. Meu maior reflexo poderia estar nas minhas conversas de travesseiro, ou na minha feição de final de noite. Creio que estou aqui em muros, espelhos – nos textos. Estou por entre-linhas e, sou todo rascunho. Esse rabisco em branco e preto, retratado com completa falta de rima e piedade. Sou avesso de meus mantras, sou revés de meus poréns. Sou um não resumo muito mau estendido e escrito em linhas tortas e fontes grotescas. Eu quero as cores e os colírios, meus delírios. Eu não sei o que eu queria ontem, sei de hoje. Não carrego nada, fazendo da vida uma caixa. Eu não construí mais que algumas histórias e não esperei mais que isso. Olhei a vida e me espantei: eu tenho mais de vinte anos.

Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei

Um comentário:

belle disse...

Você escreve muitíssimo bem.