terça-feira, 28 de junho de 2011

Inapropriado


Eu já caminhei por essa via da nunca tida conversa. Estrada suficientemente descalçada e empoeirada para que retorne pelo mesmo caminho. Perceptível a minha não reação de descompasso previsível se fosse a seis meses atrás. Fincado meus pés sob forma de não-resposta e despreocupação. Quem sabe posso ocupar o silêncio dos próximos meses com aquela sua voz fingidamente irreconhecível, ou desocupar-me no barato do dia-a-dia desperto e plural. Já não faço relatório do que me é  ar em bolhar à estourar em saquinho plástico, tão pouco planos de calor pro inverno. Isso já não me rende insônia, discurso ou texto. Já não me rende as horas, nem o pulso. Há preguiça e amor próprio aqui. Um pouco de sono e limites. Paciência. Tenho a eternidade, horas vagas e telefone.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Espaços

entre na minha mente estale os dedos no espaço das fresta de dentro dela .povoar o bastante pro sorriso. divididas elas voaram imperfeitas soberanas cruas livres.vagam entre linhas sistemas de celulas,nucleo, neutrons ...ora !!!so usar sua capacidade infinita .negra quantica e clara verdade.
(Otto, mondotto, 24/04/2008)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Inventa um outro mantra


Uma pausa antes da próxima dose. Talvez se deixasse a sinceridade me invadir eu não parecia comigo mesmo. Se das minhas conformidades fizesse meus discursos de horas vagas eu não sei se valeria as demais repetições que criei em armadura de alma jovem e sem freios. Eu não ditaria meu orgulho se pudesse deter meu ego. Eu não revezaria com água se não temesse a ressaca. Eu não teria você.jpg pra recordar. Não iria procurar se no fundo sei que só tem um endereço para encontrar. Seria bobo e pouco peculiar na insistência. Em verdade, seria conformado e realista. Vou tratar de lembrar o que ser no lugar do que por vezes se é. Falar com meu reflexo no espelho do banheiro do bar. Vou deixar deixar recado na minha caixa postal. Post-it no auto-ajuda. Inventar algum código e escrever de esferográfica na palma da mão. Usando a ponta do dedo, tentar escrever à mesa com o suor do copo da última e gelada bebida. Tentar formar as letras com a fumaça do cigarro. Eu vou me sujeitar a por em pedaços de papel e distribuir por cada bolso. Vou arriscar assim. Por aí. Vou fazer de mantra. Vou me repetir.

Quatro. Nove. Zero. Oito. Zero. Hífen. Quatro. Sete. Zero

sábado, 4 de junho de 2011

Agora e até daqui a um segundo


Sem medo da hora, com a roupa de ontem, retina desperta e cara de nunca mais. Percorrer os braços no ar na extinção proposital de ponteiros e pressa. Dedicar-se ao ego, ao papo e ao copo. Escorrem as gotas de suor em madrugada fria e os pensamentos varrem o cansaço. Há mais o que se fazer do que levar-se a sério. No sol  a despontar no horizonte não se interpreta mais 'amanhã', e sim tudo que foi ontem. Ando em letras, saudosista, canceriano, planetário, flutuando, lixado e atiçado. Vou cantar as pedras, viver em primeira pessoa. Eu existo até o próximo bocejo. Engano a morte e a dúvida em cada limite. Talvez devesse agora estar com frio e sono, mas eu prefiro o teto, o texto. Prefiro hoje, junho e a vida inteira.