segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Feito outra oração de boêmios

Não estava lá quando lua dançou nas margens do vinho no copo. Não esteve quando o orgulho teve que superar a dor. Nem da vez que precisava dizer-te elogios. Os traiu. Fechou os olhos quando o Sol pedia companhias e até quando Ilê passou. Não estava lá quando pra dar suas exclamações em meio a tantas interrogações. Não pode estar quando havia lagrimas, e quando havia sangue. Tão pouco quando havia completa alegria. Copos e alguns brindes. Não podia me falar de rumos. Não pode aprender as letras das novas canções. Não esteve lá pra cumprir promessas. Não esteve presente nos novos planos. Não esteve em algumas das novas rodas. Não quis ouvir. Não estava lá pra dividir, ouvir e falar. Falar. Perdestes o significado de algumas - vitais - palavras. E se de ninguém é a culpa, só me restam essas palavras. Palavra do tipo ditas em mesa de bar. E que daqui não saia.

sábado, 22 de agosto de 2009

Som alto e café

Respirei fundo e decidi dar a mão a uma brincadeira do acaso. Agora estou aqui sentado, som alto e café. Plenamente realizado por ter achado sentido pra que levantasse daquela cama. Refletindo aos olhos a luz das últimas manhãs. Correndo a mão nessas palavras.
E desconhece do relógio o velho futuro.
O tempo escorre num piscar de olhos.
E dura muito além dos nossos sonhos mais puros ♫'

O que tenho do futuro são só lembranças. Não traço seus riscos em cores. Não garanto pra mim a próxima manhã, muito menos a próxima colheita. Existe um amanhã só em verso ou em corpo. E, vejo que se tivéssemos certeza de como vai ser o futuro, o agora jamais não teria a mínima graça.

Bom é não saber o quanto a vida dura.
Ou se estarei aqui na primavera futura.
Posso brincar de eternidade agora.
Sem culpa nenhuma ♪'

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Quinze minutos e tanto

Quinze minutos e tanto pra ouvir o que esperei pelo últimos dias. Pra voltar à cena, o vermelho, o som, até o sabor. Fico pensando em como quando corrigimos nossos atos. Esperamos, vamos àquele mundo só nosso, nos culpamos, e então, corrigimos. Fiz muito isso. Penso que temos que encurtar o espaço de tempo entre o ato e a correção. Tive medo de não dar tempo. Tive medo que minha cabeça desse fim a uma história. Se demorasse mais... Então, 'encurtar'. Pode não dar mais tempo. Deu vontade sair por aí, de meias, gritando 'pode não dar tempo, apressem-se!'. Já vi tantas vezes cair o último grão da ampulheta. Vi de todos os ângulos. Sim. Desfazer, falar, contar, perdoar, procurar, entender. Pensei em como iria viver daqui pra frente sem esses quinze minutos e tanto. Tanto. Apressem-se, pode não dar tempo!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Estranho

Não gostei do que vi nesse espelho hoje. Não falo de ter esquecido a benzoíla, ou coisa do tipo. Vi o retrato de alguém que, com todo senso que lhe fora obrigado a aprender, não gosta de perder o controle. De alguém que acorda com palavras de amor na cabeça, que dorme traindo a companhia mais fiel na cama - o travesseiro. A imagem que vi, de prazer, não me agrada. Não era pra ser assim. Mas é. Imerso nisso. Completo e constante. E em troca, a face na superfície mostra marcas. Marcas de não ser entendido. De não darem devido valor ao seu - automático - esforço. Do máximo que pode entregar não ser suficiente. De tolerar frases de almanaque. Mas vai passar. Não vai?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Feito oração de boêmios

Quando a tarde parecia fervilhar as costas num incomodo no sofá. Quando as falas mau dubladas do filme já tinham sido ouvidas. Quando reclamava do Sol. Da sede. Quando reclamava da vida. Quando se tinha o que fazer. Quando não havia nada pra fazer. Daquela vez que a vontade era só beber. Quando só tinha moedas. Quando não se tinha com o que gastar. Quando teve motivo pra comemorar. Até quando reclamava dizendo falsos os motivos pra chorar. Estava lá. Tudo no devido lugar. Feito amparo. Feito oração de boêmios. Teve a vez que era só pra dar risada. Teve aquela de não abrir a boca. E o dia da mentira, da cerveja, do fumo. Dia de briga até. E teve esse dia, agora, o dia que nem me lembro mais...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Aminésia

Tinha planos pra escrever. Mas a música me fez esquecer. Tinha planos do que escrever, e acho que procurei algo pra que pudesse esquecer. Talvez eu não queira mesmo dizer. Quem sabe. Poderia arrumar metáforas ou usar palavras em codificações tão comuns por aqui, mas os entenderes são tantos a quem pertence e não. Mas a música tocou. Ela tocou.

Nem tudo que reluz corrompe
Nem tudo que é bonito aparenta
Nem tudo que é infalível se aguenta

Nem tudo que ilude mente
Nem tudo que é gostoso tá quente
Nem tudo que se encaixa é pra sempre

{...}

Nem tudo que acaba aqui
Deixa de ser infinito

/távazio


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Amarela

Os números no calendário foram riscados pelas ansiedades e marcados pela demora que tiveram em passar. Não falo de duas ou três semanas, mas sim, de 18 ou 19 anos. Tão bom conhecer os novos territórios, outros gostos e as pedras das ruas que andei e não prestei a minima atenção. Novos e animados personagens surgiram na sinopse de uma vida comum, consolidado num dia de brinde aos devaneios do Destino, em algumas músicas, algumas frases, em samba e amor até mais tarde.

Se não estou no paraíso, estou bem perto de chegar ♪'

De tudo que aprendi com os donos do bar [i said no, no, no], de todos os despertares lembrando-me do velho vicio de sonhar [é pra não ter recaída, que não me deixo esquecer], vi que, agora, só a sorte decidirá. E hoje, volto a morar nas lembranças, mas ela são outras, guardadas numa caixa diferentes das caixas da indiferença, essa está num lugar mais pulsante, cheia de ritmo e vermelho. Guardada com todos os meus sentidos, inclusive, os que só descobri agora [o sexto, sétimo, oitavo ...]. Bons ventos que sopram na varanda amarela. É isso que Paixão, Child!


Tu es ma came

A toi tous mes soupirs, mes poèmes
Pour toi toutes mes prières sous la lune
A toi ma disgrâce et ma fortune

{...} e não tenho a quem prestar satisfação '

domingo, 2 de agosto de 2009

É, me esqueci da luz da cozinha acesa

Um dia coloquei atrás da porta do quarto o desenho de uma caixa. Com dois, ou três furos. Absolutamente idêntica a aquarela do meu livro favorito. No livro, um carneiro dormia ali dentro. O dono do carneiro pedia pra enxergar as coisas com o coração. Que havia mais coisas no mundo do que números. Eu coloquei aquele desenho ali pra todo dia olhar e ver um carneiro dormindo através dele. E quando não visse mais, teria me tornado como todos os outros. Talvez tenha perdido a fé. E ali seja só o desenho de um caixa '
Meu ca em pó solúvel
Minha fé deu

Minha
em pó solúvel