segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ecos

Me pego só e cheio de vontade de escrever. Medo da leitura que as palavras terão. Não só da leituras das outras pessoas, mas a minha própria. Como me repudio a cada vez que leio alguns dos textos antigos, principalmente os que nunca saíram de folhas de papel. Largando os vícios, procurando (sem sucesso) por novas virtudes. Desfalcado. Completamente sem inspiração ou sem as teias que antes seguravam pesos como o da rotina. Teias cheias de som e gestos. Agora só ecos que ao menos servem pra deixar esses dias menos frios. E toda manhã parece o inicio da jornada em busca de algo que pareça interessante. Sem querer arrancar a importância de todas as estrelas que possuo (Vide Capitulo XIII - Le Petit Prince) mesmo sem possui-las, mas tirando - sim - o interesse perdido pelo monstro-cotidiano.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Do frio


As gotas já escorrem pelo lado de dentro do vidro da janela. Do lado de lá a neblina passeia e esconde o que já estava chato de se ver todos os dias. O frio chegou. Sabia que mais cedo ou mais tarde ele chegaria. Tomaria visão, atrapalharia a respiração e depois iria embora. Mas ainda não foi. O frio traz a vontade de pele; junta as pessoas que procuram por calor humano. Eu vou me enrolar nesse manto e esperar pela próxima estação. Ou alguém pode vir até aqui e trazer cor, arte e calor.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Como queimar as cartas de amor


You've got 4&20 hours
Just one day to prove to me
That your love has got the power
To make me believe
Or take me where I wanna be
Tudo poderia virar cinza. Penso que é possível. Apagar, ou diminuir. Compactar. Queimar. Então, tudo pode virar cinza. Dechavar, enrolar, fumar e acabar. Antes, não há como pular o processo de fazer a cabeça. De ser teu o pensamento. De cantarolar mantras cada vez que lembrar dos viscerais olhares. Sofrer a cada vez que lembrar do abismo que habita entre o querer e poder. O tempo perdido. O futuro desfalcado. A vontade não morta. Antes de apagar tudo, como tantas vezes fazemos na vida, as coisas ainda perpetuam um tempo no pensamento. E, nele, ainda se pode haver outras combustões.

A paixão é como Deus / Que quando quer / Me toma todo o pensamento

Dirige os meus movimentos / Meu passo é teu / Meu pulso é desse todo poderoso sentimento

sábado, 13 de junho de 2009

A nova cor


Olho para esse tal horizonte cheio de cotidianos dentro de tantas paredes e possibilidades e, ainda sim, acho tudo pequeno. Acho mesmo que falta descobrirem um som ou, quem sabe, uma nova cor. Algo que deixe o futuro mais interessante. Claro que quero fazer parte disso. Mas, não sei se estou disposto a dar os primeiros passos mais. Não mais.
Daqui tudo parece mesquinho. Quase nada parece interessante. Sei o que riscar nessa folha em branco - só não sei como. Preguiça de descobrir ou de suportar as larvas para um dia ver as borboletas. Vontade de desfazer o sorriso temporário que vem cada vez que esqueço que tenho que acordar no outro dia. E a grandeza imposta parece um fardo. Quem quer carrega-lo!?
O vento vai pra sei-lá-onde. Traz alegrias e tristezas. Eu, como ele sopro pelas ruas e pelas janelas dos quartos. Passo!
Quero estar em dois ou três lugares agora. Não sei porque, mas algo me diz que nenhum deles é o certo. Já não posso dizer que faço que gosto. Não faço nem o que tenho que fazer. Só não sei e pronto. Ponto. Isso basta pra definir o que gasto tempo. Há tempos não falo assim, em 1ª pessoa.
Tem uma imensidão em minha frente e eu quero parar.
Já não sei o que faço e, de certa forma, gosto mesmo assim.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Caetanear o que há de bom!

Sem lirismos, poesias ou meias palavras. Show de Caetano Veloso na última sexta foi a perfeição. Ao chegar horas antes já tinha na cabeça que valeria a pena. Mau sabia que momentos como aquele faz você dizer 'valeu a pena viver até aqui'. Uma grande asa delta, um lindo céu no telão e um Deus no palco. O mito que enfrentou a ditadura usando as palavras como uma arma, o lendária criatura da música popular brasileira estava ali no palco. Respondendo meus apelos, sorrindo, acompanhando as músicas. A pele era de verdade, realmente existe. Tem veias e quem sabe até sangue. Tem mãe, santa, famosa e lá presente. Teve o gesto de carinho de me reconhecer. De me chamar de 'bonitinho, heim!?' outras 4 vezes, apertar minha mãe, abraçar e dizer que me viu 'agitando' o show na frente. Parou o carro, chamou pelo meu nome. E desenhou com os lábios a letra de 'Menino Deus' que cantei pra ele.
Pude agradece-lo por existir. Um Deus, um bicho, um homem.

Menino Deus, quando tua luz se acenda
a minha voz comporá tua lenda. ♪
(e ele sorriu)

p.s.: obrigado aos amigos que deram mais cor nesse céu. (hein Dani bonitinha de caê!?)
p.s.2: fotos, coloco depois.