domingo, 30 de novembro de 2008

Balada do cárcere privado 2

[inspirado em Oscar Wilde]

Sábado, 29 de Novembro.

22:50 - Finalmente silêncio. Acabou o 'evento' cristão.
Descobri que não posso dizer que sou uma pessoa sem preconceitos.

Domingo, 30 de Novembro.

00:35 - Olho pro quarto vazio e me vejo sóbrio e nenhum pouco cansado. Ao contrário do que acontecia semanas atrás. A vida não nos vicia em boêmia ou coisas do tipo, nos vicia em pessoas. E as tiram. Nos tornam dependentes - e as tiram! As vezes sem a chance de um abraço de despedida. E essa não é a primeira e, me parece que não será a última.

00:50 - Digo a mim mesmo que será a ultima vez que ponho 'Encontros e Despedidas' pra tocar essa noite. Sei lá quantas vezes a repeti aderindo um certo pranto à sua melodia.

15:10 - A gente se acostuma!

22:30 - Como diria Caetano: Ou não!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Paralelo


Depois de cumprir o que era obrigado a fazer, como era de costume, ele pegava a chave dentro de sua caixa de madeira. Então ia até o porão, destrancava a porta e entrava. A medida em que descia as escadas já lhe era possivel ver o encantador, a bailarina, a bruxa, o faz-risos e todos os outros heróis que ele havia escolhido para compor seu mundo. Pela fresta na parede, para ventilação do porão, ele expulsava tudo que tentava tirar as cores e luzes de seu mundo. Outros insistiam, como ervas-daninhas, a entrar no seu show. A estes ele gritava: Chega! Alguns não sabiam mesmo a hora de sair de cena. Mas o encantador estava ali e, mesmo tendo um mundo menor, lhe ensina a passar por cima de tudo pra não perder a chance da conquista de seres. A bailarina também lhe trazia coisas boas, como expressar sua alegria com o corpo. Alegria tal como o faz-risos, mediante a tudo sempre tirava piadas de dentro de sua cart0la. A bruxa que ele se aproximava e se sentia protegido do mal. Mal que quer rondar seu show. Não só esses mas todos os outros que ele escolheu a dedo para partilhar seu momento de fulga da realidade.
E era assim que toda noite ele contava seus personagens, escrevia suas histórias. Através disso você cria seu mundo!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Época II (O pior do melhor de mim)

Disse pra mim: vou postar! É meio que uma necessidade de escrever o que sinto agora. Mas tudo que tive foi um texto semelhante - pra não ser exagerado ao dizer 'igual' - ao texto Época. Sobre sentir falta de mim, de quem eu era sendo irrelevante quem estivesse ao meu lado. Era do que eu fazia, do poço que me jogava. Da coragem, da audácia. Tinha vontade e tinha oportunidade. Mas já disse tudo isso, de nada importa. Se é de mim só a mim interessa. Não queria tornar os textos iguais ou coisa do tipo. Mas os dias tem sidoassim: iguais... há alguns meses.
Acho que antes algo não havia ficado muito claro no outro texto: me sinto melhor agora. Não sei porque (sim, talvez eu saiba) mas sinto. A coisa toda de sentir falta é sobre não termos tudo em todos os momentos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Renda e Couro


Eis-me aqui a lembrar das a/des-venturas que passei ao teu lado naquele tempo. Pra você e seu ar de quem ensina, os anos a mais de 'venturas' podem ter feito do caso só mais um caso. Ainda te deixei conduzir as coisas para que se sentisse maioral. Até hoje me pego tentando imitar aquele jeito de segurar a taça. Ainda me pergunto o que procuras quando tua pupila se pega na direção de outras pupilas tentando devastar o que há naquele milímetro quadrado. A facilidade de ser o centro da roda sem precisar sequer abrir a boca. Ter a noite girando ao teu redor. Odeio mesmo a maneira como respiras quando é longe de meus ouvidos. Gostei do teu sal na pipoca e da música pra que eu não fosse embora. O tipo de coisa que não sei fazer. É, a culpa é minha que não sei amar. A culpa é sua que não soube me ensinar. De vocês.

domingo, 23 de novembro de 2008

Balada do cárcere privado

[inspirado em Oscar Wilde]

Sábado, 22 de Novembro.

20:00 Hoje já fui babá e já escrevi um texto. Qualquer hora o posto aqui. Já não sei se vou sair no meu sábado-à-noite. Já me mandaram estudar. Já me mandei estudar.

20:20 Não acho a minha Richard's. Tinha me imaginado vestido-a hoje à noite. É um complo do destino pra acabar com meu fim de ano. /drama

20:40 Acho mesmo que não vou postar aquele texto. Tem pessoas que vão pensar que é para elas. Duas pessoas. Acho que não vão saber quais frases pertencem ou não as pertencem.

20:55 Não, não vão saber quais frases pertencem ou não as pertencem.
Vou tomar banho.

Domingo, 23 de Novembro

11:45 Até a fome e a dor de cabeça parecem sumir perto do desespero de uma semana de prova.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

- O que é que houve?

- O que é que há?

Foi a tesoura do desejo, desejo mesmo é de mudar'

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Época (O melhor do pior de mim)

Fazemos algumas opções e como se não bastasse nos afastar de pessoas, lugares e 'tempos' nos afastamos de nós mesmos. Daquilo que éramos no passado. E é disso que sinto falta. Falta de mim. Saudade de quem eu era. Não, não quero voltar no tempo. Não sinto por tudo que passou. Por amores que ruíram. Estes não servem nem para responder o 'com-relacionamentos-anteriores-aprendi' do orkut. Meu ego hoje fala mais alto do que as fotos em pastas antigas, mais alto que os berros no refrão de músicas que agora saíram de minha playlist; que podem tocar à noite mas já não tocam o coração.
Fazem falta as minhas burradas, o meu lado que gostava de alimentar ódios, as minhas festas, as minhas veias e as minhas drogas. Meu velho sangue. Minha doença. Nada mais ocupa esse lugar, é tudo tão pouco. Já não cabe como rima de poema. E mesmo que esse pedaço de mim não volte mais, ele fez tudo que muitos nunca fizeram. Aproveitado. Vai ver é por isso que só isso faça falta. Mais nada.

Isso ai é pra te verem como vitima ou você está feliz em me ver?


sábado, 15 de novembro de 2008

Bem do jeito que eu gosto


Sem mais lamentos. A gente aprende, e isso é um dos melhores dons do seres humanos. A gente erra, mas aprendemos um pouco mais quando erram com a gente. E finalmente não persistimos em nossos erros e olhamos orgulhosos para nossa imagem no espelho assim como um pai que trapaceia pra o filho ganhar num campeonato de sei-lá-o-que e olha com vigor e alegria o muleque comemorar. Esse jogo é algo simples: 'quer que eu cometa uma loucura? se você me quer...cometa!' Tá certo que a gente aposta demais nas pessoas, fazemos de Obamas um especie de capitões-america, mas outra aprendizagem entra aí: não peça o eterno a um simples mortal.
Até aí as coisas podem parecer meio embaralhadas, é porque são mesmo! Em palavras ou numa cena real. Exatamente assim, embaralhadas. As frases de almanaque ainda nos servem.
Outro dia alguém me disse: a dor é tão velha que pode morrer.


terça-feira, 4 de novembro de 2008

LADO B



Lembro que antes das aulas iniciarem a turma do terceiro ano estava fechada e cheia. Não por acaso 20 e tantas pessoas insistiram e abriram uma nova turma ( Repito, não por acaso!). Não era pra acontecer, mas de certa forma nos encontramos e, passamos a dividir nossos dias com cúmplices doses de risos. No começo, era sacrifício. Olhávamos para os lados e víamos pessoas completamente diferentes; surgia a pergunta: ‘como será conviver com gente tão heterogenia durante tanto tempo?’ Acho mesmo que todos nós pensamos ser impossível uma passividade. Mas, timidamente, uma espécie de mistura começava a surgir.

Alguns estereótipos trazíamos de anos anteriores em que não convivíamos com aquelas pessoas. Foi realmente incrível ver essas coisas ruindo para podermos enxergar pessoas que acordavam e iam pra lá abertas a dividir os risos. O cansaço ao invés de tornar as coisas mais árduas acabou colocando todos na mesma situação de maneira a intensificar a convivência. Quando as ‘aulas à tarde’ eram realmente aulas à tarde, começamos a passar mais tempo com aquelas pessoas, que nem havíamos decorado todos os nomes, do que em casa. O espaço na sala começou a ficar pequeno, estava se formando uma espécie de família. Sim, uma família. Devagar, dedicou-se mais.

Nossa sala era a mais barulhenta, a mais brincalhona do colégio. Todos olhavam. Por sinal ainda é; ainda olham. Fomos os mais odiados da direção, os mais queridos dos professores e por mais opiniões e comparações que surgissem de fora nós sabíamos o que estávamos fazendo. Estávamos fazendo do nosso ultimo ano o que se espera de um terceiro ano de verdade. Integridade e diversão.

O grandioso trabalho do meio ano pôs em teste nossos limites. Aproximou mais ainda algumas pessoas, e provou pra todos que duvidaram do que somos capazes.

Mas um motivo mais forte nos faz sentar em cadeiras e olhar na mesma direção todos os dias: Fu-tu-ro. Vestibulares (sim, essa palavra tão pesada quanto xingamento) com resultados ruins, mas nem por isso menos proveitosos. Todo dia é dia de aprender um pouco do muito que vida traz – já dizia uma música.

Foram 10 bem aproveitados meses. Mas agora, tudo pode passar diante de nossos olhos em segundos. É meio nostálgico termos dedicado tanto de nós durante tanto tempo e a partir de agora isso nos vai ser, drasticamente, tirado.

Toda uma lenda é criada em volta do termo ‘terceiro ano’. Mas não é por ser ultimo, e sim primeiro. O primeiro ano de uma nova etapa que agora vai durar pro resto de nossas vidas.

Falo por experiência própria que nem tudo é pra sempre. Apenas os laços mais fortes irão resistir ao todo poderoso Tempo. Outros se perderão, irão se tornar só cumprimentos.

Digo-lhes que quando estiverem por ventura sentados mais uma vez na sala, olhem para as pessoas ao redor e percebam que cada uma delas só está ali porque tem algo diferente para te deixar. Não sou eu quem diz isso. Charles Chaplin disse:

Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e, leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.

A partir de agora os destinos se afastam, alguns se mudam, outros mudam. Uns constituem família, e cada um irá seguir uma profissão. Já dá pra imaginar o que vamos sentir daqui a alguns anos quando encontrarmos alguns de nós, por acaso, na rua.

É, cheios de motivos, estamos indo de volta pra casa.

Voltamos com a bagagem muito mais pesada do que quando chegamos aqui. E não só de formulas e teorias que nossas malas se encheram. Voltamos com aprendizagens ainda mais úteis, como a de lidar com o ser humano e tudo que tiramos disso.

Pensem em quem éramos quando chegamos, e agora – prestes a sairmos.

É chato chegar a um objetivo num instante; não carregamos isso pintado em nossas costas a toa. Fomos essa metamorfose ambulante. Regadas a momentos que contaremos daqui pra frente para as novas pessoas, para os futuros reencontros, pra nossos filhos.

E essa plataforma de encontros e despedidas – já dizia Milton – é a vida!

Já citando o mestre, explico porque relembrar tudo: O que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir. Falo assim sem tristeza, falo por acreditar, que é cobrando o que fomos que nós iremos crescer.