segunda-feira, 28 de março de 2011

Como um ponto G divino sobrenatural - Parte 2


… retomar a fala. Daqui vê-se que ainda andas de viés; que – por vezes – sente frio na nuca pós tesoura do desejo. Que se arma e enrijece à medida dos lastros da cama. Que caminha na volúpia. Libido quae sera tamen. E, no olhar para o lado, pergunta-se do que se pode extrair: o que poderá ser lembrança? Sei que só andas a contar o que era para qualificar. Que pensa nessa noite? Há de passar pelo vazio, de quando não estás com a mente ocupada, todas as questões pertinentes a amanhã. Quando amanhece o sorriso em face e anoitece língua em nuca – o que fazes ao meio-dia? Vejo-te no reflexo, numa plenitude de poucos planos e panos. Quando deixas de ser as palavras que envias na madrugada, é recordação que te resta – fora sono. Sei que agir contra a calma, resulta a surpresa. Como agir contra a incerteza, resulta num texto qualquer. Sei que toma forma à custa de orgulho. Toma fôlego à custa de toxico. E tendência, toma à custa de acordar. E quantos sabores e quereres tem para essa semana? Mais que a troca e destroca de pronomes. Tenta apagar em branco e fingir que não há quem te deixe no mais fulgás vermelho. Não pertencer, friccionando-se em qualquer 200 fios. Atenuando-se.

Mesmo propriamente dito sendo bem real, afinal 
{...}
Glitter de principiante
Gloss de beijos de amantes '

terça-feira, 22 de março de 2011

Eu sou do tempo que a gente se telefonava


Você  aí e eu aqui
meu mundo você nem sabe
De longe quero dar sorte
te fazer bem, te fazer rir

Já compreendi que o movimento faz a gente existir
e que o 'pra sempre' fica há um palmo do meu nariz.
Quero parar o tempo quando penso no que eu não fiz,
mas com você não fazer nada é tudo que eu sempre quis

{...} o mundo tá muito pequeno pra eu não insistir '
_______________
Blubell


domingo, 20 de março de 2011

Como um ponto G divino sobrenatural


O que bem faz aí? Anda com as palavras rodeadas de pontos de continuidade e pontos finais. Dá volta com o corpo em outros corpos. Abre a guarda e pões fios de nylon no coração. Por vezes, fecha-se e põe mais prazer no lugar do que havia de ser a próxima canção. O que vai deixar pra fazer amanhã? Vai adiar um encontro, [des]crente que outros tantos desse virão. Depois pôr a mesa e dar lugar. Percorrer esses ciclos; perder-se em rima, desafiar-se no sono, distrair-se com a chuva, contabilizar gotas de suor. Sei que talvez quisesse ser uma dessas. A percorrer pele, a ser um sinal de cansaço, brotar dos poros e nele debruçar-se e secar. Quanto tempo vai perder amanhã à noite? Vai parar de medir a lua – porque ela não está ali pra isso. Vai descrever o sexo pra acompanhar o cigarro. Querer ganhar o tempo de agora, para no futuro poder perdê-lo sem culpa. Vai, quem sabe, abandonar o texto...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ensaio


Certo que não-certeza difere de incertezas. Ando repleto da primeira. Penso em não pensar no futuro blue, na canção do despertar de amanhã de manhã, tão pouco o 'bom-dia' ou a manchete do jornal que não vou comprar. Fico no apego de abstratos esquecimentos. Vai me dar mais para lembrar? Vou escutar canções bobas, fazer rimas bregas. Não, não vou. Creio que irei no que é errado, desgostoso, mata a fome e pode pertencer-me. Caminharei dual, duvidoso, seu – não! –, de quem quiser... tão pouco; que eu queira, seu – querendo mesmo – serei meu e da próxima canção.

terça-feira, 15 de março de 2011

Home, sweet home


Daqui os passos ecoam, como backing vocals de soul. O sorriso leve (leve, pousa) de canto de boca, rasga como sax. E a rotina de devanear por paredes e lares torna-se casa. Um canto confortável nos endereços que vão sendo distribuídos por aí. Não há o que se fazer entender do cotidiano. Por essência, é. Isso o basta. 

sábado, 12 de março de 2011

Quanto ao pano dos confetes


A principio tomei a ver-te como um pouco mais do que a noite me parecia. Nos instantes seguintes era instantâneo. Era o transtorno obsessivo compulsivo de meus lábios, a lesão por esforço repetitivo de meus braços. Um permanecer sem esforço. Um descompasso de frevo, um ultimo gole na cerveja passageira dentro do copo ...À subir à cabeça e deixar ébrio e com a nostalgia de uma quarta-feira qualquer. A cena parecia mais entretenimento de divindades. Demonstração do que dali em diante iria faltar. Era mais do poderia ser.  

Beautiful stranger, 
I wanna loose my mind
Beautiful stranger, 
in the depth of your eyes
{...}I remember

Em vias tracejadas


Meia duzia de peças de roupas, contas pagas, e porções gratuitas de 'bom-dia'. Tanto e tão pouco. O muito que não mata a sede. De boca seca caminhava na linha traçada do chão. Como quem da caminhada sedento à alguma miragem. E, sim. Os mapa acabam por levar à fonte. Límpida, azul e doce corredeira. Banhei-me às margens. Como quem acha que a sede foi morta, que suor pode ser doce e que fazer as coisas certas, recompensa. E caminho de ida nunca é tão igual ao de volta. As porções de água que trouxe o frescor que os mapas deixam escorrer entre os dedos. De nada adianta o muito. Sobram saudosismos e alguns remédios.