terça-feira, 30 de março de 2010

Da tentativa



Queria começar esses dizeres sendo imperativo. Mas na linha do tempo até aqui surgiram passagens, fiquei confuso com Confucio e dividido comigo mesmo em dizeres prévios. Perdi o meu embalo de exatidão e toda força e ser inabalável que, por vezes, queremos auto-promover. Eu já morei no inseguro, nas incertezas e ilusões. E é gostosa a temporada que a gente passa lá. Mas agora não topo com desculpas nem romance que segue a trilha sonora da novela. Sinto-me novo demais para ter paciência e, velho demais para birrar desavenças. E diz o chinês que nossos extintos são os mesmos, o que mudam são os hábitos. Aonde andam as percepções para me lerem, me verem igual e responderem meus sinais de fogo!? Sou por completo hipocrisia e não contradição – que fique bem claro. Não me contradigo porque não me apago, não viro páginas; Rabisco por cima e respondo caça-palavras de caneta. Me vejo como o que prefere o silêncio à um elogio mau feito. Silêncio feito mistério. Do tipo que prefere a ofensa mais severa do que seu nome rodado em últimas goladas de drinks forçadamente levantados para o ar, após ser bebido e, em seguida lançado à mesa naquela tentativa falida de parecer mais forte do que o motivo que te levou ao primeiro gole. E é só de mim mesmo que não posso fugir.

Inventa outro som

.
Larga essa cara de responsabilidade. Cala.
Pronuncia uma outra coisa. Fala em cores.
.
Esquece a conquista e manual da capricho.
Esqueço do que falas quando fala e imagino.
.
Eu invento pronomes. E ainda canto:


...fala meu nome, inventa outro som ♪'

domingo, 28 de março de 2010

Parede da memória



- Ah, não me olhe assim. Você pediu pra que eu fosse sincero. Ta vendo que nem sempre é melhor dizer a verdade? Mas então, não é nada demais. Porque você está rindo!? Acho normal. Muita gente faz o que eu fiz mas poucas chegam no final – como eu agora – e ainda tem cara de contar isso. Te mirei desde aquela primeira vez. Sério, pus na minha lista de 'objetivos de vida'. Vai, fique rindo. Te risco fácil da lista. Agora quem brinca sou eu. Não, espera, beijo só depois que eu terminar de contar. Tinha planos piores, mas nem resisti. A ideia era ir embora assim que caísse a primeira peça de roupa. Uma desculpa qualquer. É, sério. Uma dúvida na sua cabeça e você iria atender minha ligação fácil, fácil no outro dia. Se bem que eu acho que não ia nem precisar ligar. O que? Ah, não, não é que você seja irresistível. Muito pelo contrário – ás vezes foi só um cinto que demorou de abrir, por exemplo. Me desconcentrei. Talvez fosse sua falta de fotos naquela banquinha ali. Ou cansaço de ter que ir embora. Ah, não faz essa cara. Pode ter sido sua pele e a confusão de aromas florais. Hum. Posso gostar do cheiro de fumaça que está aqui. Acho que quis entupir meus poros com essa confusão de cheiros, morrer de sede com nosso exercício, sentir essa fome como nosso efeito colateral... deixa eu terminar. Cortou minha linha de raciocínio. Que? Então não me faz pensar mais. Eu prefiro assim.

{...}

- Do que estavamos falando mesmo?

sábado, 27 de março de 2010

Travessia - Parte 3 de 3

Aprender a andar, talvez aquele primeiro passo, gravado apenas em cabeça de pai e mãe, não signifique o que até pouco tempo atrás eu tinha na cabeça. Levantei e me preocupei em Beethoven de trilha das minhas contas de primeiros passos. Estes gravados apenas em minha cabeça e nas marcas cravadas em chãos. No caminho que percorri na trilha de um pensamento, perdi-me. Encontrei-me, não sei se descrevo bem, com uma placa com dizeres “(ainda uma grande) linha de partida”.
Quando me vi em uma das trilhas, observei-me, e pulsei ondas eletroencefalográficas em ritmo de IV sinfonia. Vi meus pés, ainda molhados, de tempestade previa qualquer, na direção de algo em cores distintas. Um caminho inédito e que de longe engana, de perto surpreende e de dentro emociona. Risos estampados, lágrimas brancas feito pérolas. Há mãos em minha mão. Há marcas juntando-se as marcas de meus pés. Há em tudo um gosto de nada que se possa limitar em poucas palavras. E, no fim, é tudo sobre andar sem cores em tempo perfeito; ou rir do raio que caí ali, logo ao lado, e de pés na lama. E quem se importa?

quinta-feira, 25 de março de 2010

Travessia - Parte 2 de 3

Antes quando eu pegava um caminho, ou uma rua que seja, errada; não voltava atrás. Por vergonha talvez, fazia uma volta maior mas, ainda assim, chegava no lugar certo. Um tempo depois – agora distinguo – me punia por ter errado, continuava com as voltas maiores e percebia que era por orgulho mesmo. Hoje continuo sem recuar, chego aonde quero chegar, mas não enxergo mais tanta diferença entre o que se considera certo e errado.

terça-feira, 23 de março de 2010

Travessia - Parte 1 de 3

Taxe de alquimia de best-seller, que seja. Mas meus planos, sonhos de papel, meus lugares que nunca ocupei, ou que por lá passei; não acho foram meu ponto ou virgulas. Os caminhos que percorri acredito serem onde eu devia, de algum jeito, passar. É como imaginar você com uma endereço, percorrer ruas até seu ponto de chegada, mas ao estar lá, já não ser a mesma pessoa que partiu. Embevecer no reflexo de um mesmo espelho. Conhecer de rei à vaidoso no caminho de seu asteróide à Terra .É compreender Destino como caminho – já não como chegada. Gosto de me perder pela trilha que já conheço, creio que assim posso me encontrar.

domingo, 7 de março de 2010

Desse jeito vão saber de nós dois


Num fim de tarde nublado, cinza e de sopros de vento sem direção correta... me vem feito campainha em portões fechados, músicas certas no randon ou no rádio. Atiça-me na espera, joga cores no meu preto e branco, me tira da última enxurrada com mais uma onda. Faço planos, ensaio cenas, torno-me mais humano, ridículo, frágil e ainda tomo gosto por isso. Outro dia me fiz tapete, me fiz vulgar e, hoje acordei parecido com o recosto para as suas malas, a roupa do seu banho, sua mesa posta, cama pronta. Vou me repartir, me iludir, traçar meus novos enganos, vou fazer cena de romance. Vou cantarolar esse nosso encontro.


quarta-feira, 3 de março de 2010

Sem relação, na verdade



O tom do dia não é dourado, nem há vermilhidão à pele. 
Há cores não identificadas, oscilando entre forte e fraca.
Como se piscassem sem jamais cair em escuridão, 
jamais apagar-se.