segunda-feira, 30 de maio de 2011

Check-out


.Eu não sei a que horas as portas fecharam. Acabaram as liquidações sentimentais e apegos baratos. Não, não foi por falência. Nem tão pouco por arrebatarem todo estoque – quase isso. Mas houve quem não soubesse explorar todas as funções e quem soubesse por em altar. Vai ver é pela falta de gosto em linha tênue. Ou extinção da mesma. Ah, essa loja de antiguidades, ou coração, que quis comportar um milhão de pedidos e, por vezes, nenhum destes. Talvez até falte um neon na faixada que deixe subentendido que na manhã seguinte é hora de manutenção interna. E, quando não for... Esquece! Já passou e esqueceu o caminho de volta quem fizesse isto de franquia vinte e quatro horas. Eu vou por na prateleira dezenas, e não há espanador para as horas de menor movimento. Assim acho. Eu tenho gostado de começar pelo ponto final. E acredito que este deveria ser mais visível e não mais mau interpretado.  

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Qualquer passado desses


É sobre todas as coisas amontoadas num fundo de gaveta. Já é noite e a lua não se define bem. Como se papel pudesse embevecer e encarar  tal como um espelho. Uma exaustão do que estava jurado de esquecimento. Não há mais o que emendar no fio que percorre o cotidiano e, hora dessas, vamos saltar ao chão e encara-lo como mais do que rimas de canções de fim de noite. Há aqui uma necessidade de olhar um passado atado por tudo que me é repetitivo, batido e – insistentemente – assistido, como se não houvesse vida além dessa sessão da tarde. Como jus a todo sangue que percorre veia e toda vida que age em sopro; vi no conforto e calma, algemas e amarras; vi perfeição no incerto e improvável. Toda verdade que devo parir quando chegada a hora é todo verbo que devo cuspir em tons mais imperativos que os infantis e iludidos que releio numa caixa de saída enquanto envergonho-me disso. Não reconhecer-se em suas marcas deixadas é a pior de todas as insônias. Andam por aí a contabilizar o abstrato e compor a fome se sinceridade vale-se moedas. Olho mais de perto. Não há em mim respaldo para preencher a fila de reclamações. Encaro agora porque já não posso entorpecer-me da mais completa falta de realidade e responsabilidade. Não omito lado oculto da lua; mas por outro lado há outro lado - redundância querida. Sou metade esse que pode hoje gargalhar de muros rosa, bancos, balanços e render-me a outros tantos muros, ladrilhos, cotidianos, moedas, sessões da tarde...
Há em minha pele poros e algumas marcas. Não nego que são visíveis. Mas eu posso olhar mais para a frente.

...essa calma que inventei - bem sei -

custou as contas que contei ♪'