terça-feira, 26 de julho de 2011

Meu Redor


Trocando os sentimentos em miúdos. Em trajetória seca e fria a viagem destes paralelos em minhas veias pulsaram como muito para pouco músculo que os bombeassem. Reluzente, diferente e brilhante, como glitter de principiante, trabalhando-me na proposta de abster passado para adquirir-lhe em tempo, corpo, contrato e chocolate. Silenciando meus mantras pelos seus – tão decorados quanto. Há de estrar infiltrando-se em dúvidas e quereres nos meus pensamentos mais simplórios dos comuns ócios de final de tarde. Eu, apto e disposto. Minha razão, coerente e colecionadora de interrogações. Divagamos lado a  lado por toda trilha que se parecia com a dinastia que aquele coração já conhece de trás pra frente. Fugir-me a rota de ouvir-lhe nos meus assuntos favoritos, nas promessas mais bobas e no 'alô' mais brega para a razão (a mesma coerente e colecionadora) que pôs a balança todos os prós e alguns ininterruptos ponteiros. Caí-me assim naquilo que meus olhos podiam alcançar e minhas mãos enxergar – nesta ordem. Ouvir-lhe falar e derramar-se ao meu lado. Adentrei em todo seu discurso e colori em mente aqueles que eram nossos anseios. Mas dali em diante era opaco, monocor, não reluzente. Mostrou-se revés a mim, ao resto do mundo e a você. Toda sua matemática desafia-me em amor próprio – e maior de todos – e toda essa opacidade contrasta o meu redor e faz-me reparar neste. Doce percepção esta. O meu redor preenche-me, colore-me e me acata na mais boba maturidade, na mais estranha atenção, no gesto simples e olha-me. E por lá ocupei, como tóxico, a memória que tínhamos do que nunca, em prática, existiu. Por lá tapei-te como pedra que velhas lágrimas não trataram de furar. Daqui é muito do pouco que me restou pra dizer. Não haveria mais, não me deste muito do que lembrar. E eu que fui o último a saber.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Futuro Blue

eu tenho mais de mil perguntas sem respostas
estou ligado num futuro blue
os meus pais nas minhas costas
as raizes na marquise 
eu tenho mais de vinte muros
o sangue jorra pelos furos pelas veias de um jornal '
 

Eu fugiria a pink & floyd e contaria, em metáfora de muros, cada construção ao longo de meus reinos e calabouços. Camuflaria nomes em tijolos e pixaria frases do Wilde através deles. Quiça, poderia falar de embevecer-me e enxergar-me no reflexo do espelho, mas o creme dental e o barbeador da manhã tiraria um pouco glamour de hora dessas. Eu tenho mais de vinte anos. Meu maior reflexo poderia estar nas minhas conversas de travesseiro, ou na minha feição de final de noite. Creio que estou aqui em muros, espelhos – nos textos. Estou por entre-linhas e, sou todo rascunho. Esse rabisco em branco e preto, retratado com completa falta de rima e piedade. Sou avesso de meus mantras, sou revés de meus poréns. Sou um não resumo muito mau estendido e escrito em linhas tortas e fontes grotescas. Eu quero as cores e os colírios, meus delírios. Eu não sei o que eu queria ontem, sei de hoje. Não carrego nada, fazendo da vida uma caixa. Eu não construí mais que algumas histórias e não esperei mais que isso. Olhei a vida e me espantei: eu tenho mais de vinte anos.

Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei