segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Lances

O barulho lá de baixo é no que me concentro. Tento desviar os meus pensamentos. Desviar do toque do celular. De tudo que deveria falar. De paixões de dez dias. De namoros de trinta. Lances obscenos e castos. Deveria me encarar nesse espelho de feito de 'vergonha na cara'. Me enxergar no refrão do jazz que cantarolei nos últimos tempos. Eu deveria me arrepender do 'sim' no 'apagar todas?'. Não posso me ver numa roupagem dos comuns. Não há de ser eu no retrato de quem responde à questionarios, de quem divulga seu querer como troféu, de quem suporta ir dormir com o fôlego perdido como de quem foge sem ter cometido crime algum.
Me vejo como peças montadas. Peças de problemas, de encrencas, de carência, de romance, de nostalgia ... Pouco proveito. Com ar pesado de quem por tudo passou. Com os olhos de quem não conhece nada na vida. Controverso. Apaixonado. Odiado e desmerecedor. Com os dedos a deslizar no ritmo daquelas velhas melodias. É viver sem se reconhecer na própria sombra. Com a laringe murmurando o ritmo. Não sou um cara bom. Até a boca abrir e cantar aquele refrão.
param pam pam pam pam ♪'

I've never looked for trouble
But I've never ran
I don't take no orders
From no kind of man

I'm only made out
Of flesh, blood and bone
param pam pam pam pam ♪'
I'm evil, evil, evil, as can be {...}

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Procure no mapa

Eu não estou aqui! Se procuram por mim não vão me achar escondido ou descrito em palavras. Não estou no que falo depois de umas doses de conhaque nem no que dizem minhas mensagens. O que faço não está em 140 caracteres nem no retrato mais comentado. Não estou em tudo digo, não sou o que ouço, nem o que me aplico. Não tem nada de mim nem nas repostas que me dão por aí. Eu me vejo numa soma de vários em relação a várias pessoas. Não vão catar todos os pedaços. Não vão aprisiona-los. Não há de ser limitado. Não procurem por mim nesse caminho.
{...}

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Categoricamente

Há manuais de instruções pendurados em meu pescoço. Há respostas e minhas fortes opiniões em minhas pausas, interstícios. Há do outro lado, um filtro repleto de deturpação. A velhinha cheia de razão que passa na calçada furiosa com o neto e diz 'as pessoas só ouvem o que querem ouvir'. Há nessas ruas importantes delimitações. Inúmeros avisos. E constantes invasões. Há escrito em minha pele tudo de mim e quem sou. Ainda que em letras garrafais eu ainda não conheço quem me conheça.
E tudo tem mesmo seu lado bom.

{...}a minha pele tem o fogo do juízo final ♪'

sábado, 19 de setembro de 2009

Coreograficamente

Imaginei que as gotas que caiam em queda d'água sobre mim não fossem feitas de duas ou três moléculas. Que o tecido que cobre o travesseiro não fosse morto. Que o som que ouvia não vinha só e só de minha mente. Que de real, entre esses dois mundos, só a luz da lua e o toque de uma mão. Sem vermelhidão à pele que sonhou e que agora acorda querendo que asas brotem de alguns poros. Só o atrito de lençol e lençol. Lençol e pele. E só o tempo - não asas - fará esse passeio à lugares onde possamos estar fora de controle. Me notei da cabeça aos pés como não me pertencendo. Objeto estranho não identificado. Pertencente total de um lugar desconhecido. Abrindo as cortinas para ter do escuro à resposta que asas só eu mesmo posso criar. E no flerte com a metáfora percebo a conta que imaginação pode tomar - ainda mais sendo da Lua a única luz. Eu estou em mim. Repleto. Porque de alguém aqui, só futuro. Abro a janela e fecho-me para o mundo. Por enquanto. A brisa traz o arrepio obsceno. A última parte que faltava. De vocês a ausência, mas eu estou aqui. Corpo e mente. Aperfeiçoadamente. Estou aprendendo sobre asas, sobre texturas mortas e como lidar com elas. Sobre espera. Sobre essa noite que não quero explicar. Aprender a não definir as coisas para que elas nos sejam ilimitadas. Feito o obsceno.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mudo.


Não há ninguém em mim. Arranhões na porta, vestígios de jeans nas cercas. Mas nada completo. Nada de tragédias inglesas e dramas banais. É uma dose mais forte. Lenta. É quando morre em mim o sonho compartilhado. É quando me calo. Vejo, ao olhar o espelho, que não tenho o que dizer só e simplesmente porque não há mais nada para falar. Surge como doença, não característica, uma aversão à repetição, repetição, repetição, repetição. Um breve pavor ao perceber os primeiros calafrios aonde morava o calor. Eu não mudei nos últimos quatro ou cinco portos que parei. Eu deixei avisos escritos à suor em pele morena. Deixei meu silêncio em resposta aos demais estribilhos. Não há nada que me faça errado, e não é disso que eu vivo.


...I'm only made out of flesh, blood and bone...♫ ♪

Eu não sei quem escreveu

"Já passamos muitas aflições, também jogamos 'tudo ou nada' e não foi bom. Já nos despedimos, mas depois só sentimos pena de nós dois. Que somos assim, já sabemos de cor, lamentamos muito por não ter realizado algo maior ou bem melhor {...} Eu, você - juntos na vida outra vez. Mas não dói, não. Só vim pra dar parabéns. Sim, parabéns pra nós, os passionais. Que, também como nós, se vão, voltam atrás. Que, assim como nós, não têm paz. Parabéns para nós, irracionais. Parabéns para nós, sem rivais. Parabéns para nós, parceiros infernais."
_________
j'adore

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

2

Una canción que dice que uno sólo conserva lo que no amarra


Hay tantas cosas
Yo sólo preciso dos...