sábado, 31 de outubro de 2009

Claro/Escuro


Melhor esquecer. Já vi a luz o suficiente. Quero ver amanhã - claridade, calor, cimento e pedra! Daí então parte de mim as palavras desesperançosas, nada melódicas - como tudo que vem de mim não é - que faz desacreditarem em toda poesia que transpiro. É isso que, talvez, queira exalar. Estranho em mim mais que à qualquer pessoa. E quero acordar amanhã e não pensar assim, mas me conhecendo em todos os meus silêncios e barulhos sei porque faço assim. Barreiras do 'melhor assim' que brotam em mim. Como cicatrizantes em troncos de árvores. Sem, quem sabe, querer. E num revezamento de claro e escuro o tempo e oportunidade passam. Nada mais comum que isso na vida. Tudo sem querer parecer o 'melódico' já citado, apesar da música e das gotas na janela. E não, eu nunca esqueço.


Não pode


... pedir lo eterno a un simple mortal ♪'
Y andar arrojando a los cerdos miles de perlas
La tortura - Shakira

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Peito Aberto

Falando assim de corações e de receios. Falando pra mim de beleza, do tipo derramada em cestas e distribuídas em porções à ti. O impossível não foi suficiente pra inibir a falta. Mais que saudade. Mais que. Ponto. Em toda prosa, inundada de sorrisos, cita pra mim uma barreira. Obstáculo de tempo, a maior de nossas distâncias. De diferentes quereres. Um pouco mais fraca que toda nossa adoração é vontade do botão reset. Quem dera essa alegria não fizesse parte de mim; assim, toda falta, querer, desejo e poesia não atormentasse meus sonhos antes mesmo de pegar no sono sob o travesseiro. Quem dera papear assim em mesa bar. Como é coisa de outro mundo poder esquecer tantos dizeres destes e te segurar a zero de distância de mim. Sim, a forma não é racional. Não há moldes, medidas. É tudo sentimentalmente complicado. Mas não são palavras dedicadas à impecilios. São só
receios internos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A novidade

Acena lá de longe. Mostra que sempre esteve por perto. E então, como uma recém descoberta porta em finitas paredes, aparece. Como que envolta numa caixa, das mais belas, fazendo abrir um sorriso sem nem sequer ter aberto a caixa. Estranhas perfeições - há de ser só um trauma. Deliciosamente envolventes. Assim, plurais. Sou um ou dois tablados, anúncio em branco. Sou aquela cara de surpresa pós expectativa. Sou inteiro proveito pra essa nova. Preenchendo todos os atributos, manda avisar que o recado foi dado. A novidade chegou.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sem ilusão; Sem nostalgia

"A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna, é que o capricho dura um pouco mais" Oscar Wilde
Picotando velhos papéis não pude conter um riso frouxo. Transformado o velho fogo em cinzas. Bobagens. Obrigando-me a concordar que os melhores tempos são os que não passam de uma noite. Eu não pude corresponder os escritos por diversas vezes. Me sinto bem por isso, de certa forma. Besteiras. Fui num jogo onde julgaram a presença, sentimento. Onde julgaram haver vidas em minha vida. Agora tudo acabou em pedaços, num cesto de lixo. Deixando novos espaços.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

eco

Meu físico começa a espelhar o que se passa dentro de mim. Meu ar, pesado, mostra parte do meu ressentimento; dividindo narinas com o medo - escondido. Os olhos marcados pelo que tira o meu sono, pelos meus sonhos, minhas flores. Os dentes rangem pelo eco que dão às minhas palavras. Minha boca saliva pelas lembranças. Meu sangue pulsa mais rápido quando a mente passeia num futuro. As pernas balançam numa ansiedade por tudo que o ouvido tem pra escutar, mas que esta aprisionado num mistério e trancado pelo medo de ouvir.
As minhas palavras andam imponentes, as decisões - dizem seguras - como dedo indicador em riste. É que aquele olhar para baixo, depois que se vira pro outro lado da cama, tão comum pra alguns, como eu, andam escondidos. Mas não deixam de existir. De consumir. De pedir abrigo. Cabanas, braços.
E o sorriso é o mesmo, mesmo que vida diga não. E ela nem disse isso.

su luz fugaz
alumbrando desde otro tiempo,
una hoja lejana que lleva y que trae el viento.
eco, eco...
ocupando de a poco el espacio
de mi abrazo hueco

Quem vai quebrar?

Escrito por Paulo Coelho

O Grande Mestre e o Guardião dividiam a administração de um mosteiro zen. Certo dia, o Guardião morreu e foi preciso substituí-lo. O Grande Mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente ao seu lado.

“Vou apresentar um problema”, disse o Grande Mestre. “E aquele que o resolver primeiro, será o novo Guardião do templo”.

Terminado o seu curtíssimo discurso, colocou um banquinho no centro da sala. Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha a enfeitá-lo. “Eis o problema”, disse o Grande Mestre.

Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam: os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a frescura e a elegância da flor. O que representava aquilo? O que fazer? Qual seria o enigma?

Depois de alguns minutos, um dos discípulos levantou-se, olhou o mestre e os alunos a sua volta. Depois, caminhou resolutamente até o vaso, e atirou-o no chão, destruíndo-o.

“Você é o novo Guardião”, disse o Grande Mestre para o aluno. Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou: “Eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um problema. Não importa quão belo e fascinante seja, um problema tem que ser eliminado”.

“Um problema é um problema; pode ser um vaso de porcelana muito raro, um lindo amor que já não faz mais sentido, um caminho que precisa ser abandonado - mas que insistimos em percorrê-lo porque nos traz conforto”, disse. “Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente”.

“Nessas horas, não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito carrega consigo”.

sábado, 10 de outubro de 2009

Pela lei natural dos encontros

Isso tudo é apenas o modo diferente como vemos as coisas. Uma visão difícil de tudo que passa aos seus olhos. Não é que eu tenha terminado com todo aquele sentimento - mas incomoda quando diz que não os tenho. Há algo mais repleto em mim que ofusca sua cartilha e é ai que você - erro - reage. Não adianta me por em chamadas, em blêfes, suposições e retaliações. Não há espaço pra sua experiência em meus planos. Não mora em mim nem um terço de seu medo e seu credo. O que é real pra mim eu não posso tocar. Isso é essência e não se pode tirar. Serei ausência em sua roda, seu futuro e no, precocemente dito, amor. Algo que você provou não saber o que é, eu falo de liberdade. Falo sobre coisas que eu amo e que desse caminho não devo me retirar.


Don’t tell me that my masterplan
Ain't coming through
Don't tell me that I won't
I will

Don't tell me cause I know what's real
What I can do

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Outra maneira

Talvez um dia eu peça desculpas. Quem sabe eu deixe de errar. Mas se esses erros fazem parte de mim, se deixa-los, deixarei a mim? Um dia contarei uma história de vasos caros e rosas, mas, sinceramente, não vão entender. Acho que preciso fazer um corte. Daqueles que muitos fazem um dia. Se fosse como me porto nos bares e brigas por ai - tão tenaz - não faria textos de refúgios como esse. E quando eu não estou errado? Talvez eu não deveria dar sangue pelas minhas razões, mas que tipo de homem eu seria dessa maneira? Talvez o cansaço agora tenha invadido o modo como escrevo, derrubados algumas barreiras que crio. Fiquei assim. Ah, quem sabe, um dia, eu pare falar de mais de uma coisa em tudo que escrevo. Eu não sei. Talvez deva parar por aqui...
Ah, eu amo errar, baby!

sábado, 3 de outubro de 2009

180º

É como me disseram, certas coisas acontecem quase todos os dias. Outras, uma vez na vida. Assim eu não pude ver o Sol se pôr - mesmo sabendo que isso acontecia para onde meus olhos estavam direcionados. Uma coisa boa ao pé do ouvido. Mas um contrato assinado. A minha lista de desejos andava curta, mas repleta de duas ou 3 coisas. A noite caiu tão rápido quanto as nossas histórias de amor mais longas lembradas depois de um fim trágico. Meu jeans escapou sem manchas. A bebida agitava-se no copo. E ela parecia mais forte e intensa que das outras vezes. Mais brilhante. Mais vermelha. O álcool corria com mais combustão que paixões platônicas dessa que a gente, por vezes, confundi com amor. Um misto de maldade e inocência. Seco e suave. Sonho e últimas alternativas. A boca ganhava tons vermelho forte. Suor e pingos d'água. Espelhos. Fumaças. Um som diferent3. Um não-reconhecer do caminho que trilhou com tanta vontade. A maior de todas as satisfações gritadas ao pé deste ouvido. Como ter as coisas mais certas e não poder sentir-las em suas mãos nesta manhã.