segunda-feira, 9 de maio de 2011

Qualquer passado desses


É sobre todas as coisas amontoadas num fundo de gaveta. Já é noite e a lua não se define bem. Como se papel pudesse embevecer e encarar  tal como um espelho. Uma exaustão do que estava jurado de esquecimento. Não há mais o que emendar no fio que percorre o cotidiano e, hora dessas, vamos saltar ao chão e encara-lo como mais do que rimas de canções de fim de noite. Há aqui uma necessidade de olhar um passado atado por tudo que me é repetitivo, batido e – insistentemente – assistido, como se não houvesse vida além dessa sessão da tarde. Como jus a todo sangue que percorre veia e toda vida que age em sopro; vi no conforto e calma, algemas e amarras; vi perfeição no incerto e improvável. Toda verdade que devo parir quando chegada a hora é todo verbo que devo cuspir em tons mais imperativos que os infantis e iludidos que releio numa caixa de saída enquanto envergonho-me disso. Não reconhecer-se em suas marcas deixadas é a pior de todas as insônias. Andam por aí a contabilizar o abstrato e compor a fome se sinceridade vale-se moedas. Olho mais de perto. Não há em mim respaldo para preencher a fila de reclamações. Encaro agora porque já não posso entorpecer-me da mais completa falta de realidade e responsabilidade. Não omito lado oculto da lua; mas por outro lado há outro lado - redundância querida. Sou metade esse que pode hoje gargalhar de muros rosa, bancos, balanços e render-me a outros tantos muros, ladrilhos, cotidianos, moedas, sessões da tarde...
Há em minha pele poros e algumas marcas. Não nego que são visíveis. Mas eu posso olhar mais para a frente.

...essa calma que inventei - bem sei -

custou as contas que contei ♪' 

Um comentário:

Gabi (pouca) disse...

Que saudade! eu me reconheço em suas marcas, ...te amo.