quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Segundo Plano

07/09/2010
Talvez eu tenha depositado minha atenção na última xícara de café. Tal como devo ter feito com os últimos risos, noites, copos e corpos. Estava a procura do que me desvie e me insira numa ilusão repleta de prazos de validade. Mas sequei a última gota. Tocou a última nota do disco da Riva. Surgiu-me agora esse bloco notas. Esse encontro com o que me distraio para não ver. Se trata de um marasmo, uma rotina, um emaranhado. Circula em segundo plano na minha mente o vácuo que pedaços de mim tem deixado. Me negava essa sinceridade que a falta de ocupação fez resplandecer. Um pouco de culpa por chegado até essa última gota sem arrependimentos. Um pedaço de dor por ter rompido elos. Muito de saco cheio por sentir um tanto quanto distante a liberdade em chão de pedra que já pude ter. Me falta esses blocos. Essa cor para o caderno 'colour me free' à R$1,99 na banca. Aquele sonho que a gente costuma sonhar acordado. Agora surgem pingos que não de café. Em grande quantidade e caem do céu escuro demais para a hora em que escrevo. Respinga aqui e já posso me distrair novamente. Posso deixar de falar da corrente partida, da cama vazia, das páginas em branco, dos e-mails sem resposta, do zumzum e mé. Transporto minha atenção pra sinfonia de instrumentos em folha, gotas e vento. Essa sinfonia improvisada, invejada e nostálgica. Para o pior dos silêncios que é o do ouvido que não quer escutar.

Um comentário:

Victor Moraes, disse...

E eu juro que não estava falando disso. Era dia 7...