quarta-feira, 8 de setembro de 2010

RE: Spam


Enviada:terça-feira, 7 de setembro de 2010 1:00:23

Eu não vou ser tão cara-de-pau e te pedir desculpas pela demora da resposta desse e-mail mais de um ano depois. Confesso apenas, que só o vi agora, e li horas depois. Com mais coragem. Tão pouco me aprofundarei em sentimentos da época; prometi a mim mesmo tomar cautela pra não interferir no seu tempo presente. Por sinal, nem sei se você quer que eu responda isso agora. Sinceramente, acho que não. Mas eu não ficaria bem comigo mesmo se não o fizesse. Nem me chamarei de egoísta agora. 

Serei redundante se falar que por diversas vezes avisei como sou? Que sumiria? Que não gostava nem gosto de porquês? Queria deixar claro que foi curto, proibido e maravilhoso esse nosso tempo. Que nunca fui tão meloso, atencioso, respeitado, amado, iludido e um pouco aprisionado. Eu tenho gosto por quem já percorreu alguns anos na minha frente, mas isso não interfere naqueles meus 19 anos. Eu queria esvaziar toda a minha imaturidade, mas não tirar os pés do chão. Flutuamos demais, e nos perdemos em experiência, idades, distâncias e tudo isso que usamos de desculpas para disfarçarmos erros. 

Não sei se vou cortar com a verdade, mas cansei de prolonga-la. Eu cansei de não ser suficiente. Enchi a paciência das 30 ligações diárias serem menos que as 31 do dia anterior. Não me senti na fase de encher meus ouvidos com metáforas de torres e caixas todos os dias de manhã. Me senti cobrado, cobrado e cobrado. Não te disse nada. Apenas sumi para que se o arrependimento batesse eu pudesse fazer alguma coisa que - pra ser sincero - eu nunca planejei o quê.

Eu vou quebrar muito minha cara nos meus relacionamentos, porque espero demais dos outros. Pude, com você, me sentir do outro lado da situação. Não me leve a mau. Não foi de propósito. Minhas palavras eram sim verdadeiras. Meus sentimentos, minhas juras, meus versos, meus sorrisos e meus gozos. 

Por vezes me senti seu troféu, sua vingança pra ex-amores, um número na lista. Terceiro. Ou sei lá que número eu era. Por outras me sentia completo, amado, querido, repleto ... Eram muitos "sentir" pra nossas poucas semanas, pros meus 19 anos, pra minha personalidade.

Eu tô bem. Mas estava melhor com você. Eu tô com culpa. Mas quero continuar com minha solidão e minha culpa. Passei por algumas coisas desagradáveis nesse ano e agora posso ver que não deveria ter crucificado quem me feriu algumas vezes. E não te julgo se quiseres fazer isso comigo. Pode me condenar. Quem sabe um dia tenha esse clarão de respostas que agora tenho. 

Eu não sou o tipo de cara de amores nem de orgias. Eu transito entre dois lados. Ainda tenho tempo. Temos tempo. Temos essa ligação de céu em noite de lua linda. Queria te dizer que fui parar num show na praia, numa cidade que não era a minha e nem a sua e, sabia que você estava lá; pensei que deveria estar perto do mar... e depois você me confirmou que estava. Eu não pude entender até hoje. Nunca fui dessas coisas pouco práticas. Conto isso porque não posso negar nossa ligação em fios invisíveis.  Não posso dizer que são relacionamentos e que temos que aprender com isso e em alguns dias passar pro próximo. Somos mais profundos que datas de validade em rotulo de vinhos com morango, não acha!?

Tenho que parar de ser frio e te falar da segurança, das cores, do cheiro bom, da pele, do prazer, dos sinos, do embalo e de tudo mais que você me trouxe durante nosso tempo. Tempo que me transporto por esses instantes em que te escrevo sem parar os dedos nesse teclado. Assim, cuspido. Não dá pra esperar por mais um minuto. Se pudesse experimentaria mais um de nossos bons dias pra ver se tomei a decisão certa. Mas não brincaria com coisa assim. Não me vejo mais na hora do recreio e tão inconseqüente. 

Ah! Não me pergunte o que sinto hoje. Porque eu não sei, de verdade. Já sentiu isso antes? Mas tão pouco quero saber. Aprendi algumas coisas nessa vida presente, e não vou remoer mais esse tipo coisa. Vamos partir.

Ainda quero sua felicidade como quero a minha. 
Só que não a mesma.

...não sei bem porque.

3 comentários:

Diogo de Oliveira disse...

Um texto não-comum seu...
De ótima fuidez. Gostei. Mas algo me pegou, há um pingo de sinceridade aí que mascarou uma coisa. Você escondeu. Você não disse, não deixou claro, não ficou nas entrelinhas. Desculpe-me, ficou na falsidade.
Esse parágrafo me incomodou de uma maneira que eu não sei bem...

Victor Moraes, disse...

nem eu.

Diogo de Oliveira disse...

Odeio ler o que escrevi...


O certo é fluidez