sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sinestesia


Eu não quero transformar pensamentos em palavras mas o hábito já criado me tira esses minutos, me coça a língua, me faz limitar. Abaixo o som pois já basta as letras que repetem-se na minha segunda mente. Eu desliguei os meus botões; cortei a força. Eu já acho o céu mais azul, e até as coisas que saem erradas parecem mais certas. Eu vago de noite, sem amarras. Cidadão de mim. Todo repleto de razões. Leve de emoções. Livre. Desatado, solto, nú e assim, percebendo o meu redor. Todos os sabores que sinto nas mãos. Todas as cores que sinto com paladar. Tantos toques que percebo no olhar. E nessas travessias de pedra, meu rastro pode ser ocupado por volúpia, por formas, desenvolturas. Mas esse espelho explodindo de egos e certezas hoje me mostra que nenhum outro passo deixara meu cheiro. Que nenhum músculo fará o meu som. Que nenhum conto de fadas parecerá com a minha ilusão. Com nada. E com tudo isso que hoje distribuo por ai em doses de romances e obscenidades. Que só se aperfeiçoa. Que embaraça e traz o inebrio. Que me faz cantar pelos poros:
Se você quer me seguir, não é seguro{...}
VAI VER SE EU TÔ LÁ NA ESQUINA,
devo estar.

Hoje eu quero sair só!

4 comentários:

Tiago Fagner disse...

dentre os que li, teu melhor texto... Eu espero dias assim também, à noite e repleta de tudo que é vivo. Aproveite a boa maré e abraço rapaz!

Tiago Fagner disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Victor Moraes, disse...

o mar tá mesmo pra peixe!

sabe que eu também acho um dos melhores? #modestiazero

rs

Tiago Fagner disse...

tem que ser assim mesmo quando merecemos! :P