domingo, 27 de dezembro de 2009

De estimação.


Deixo que suba no sofá, sem ninguém saber. Acaricio teus pelos. Sou tua casa, tua comida, tua roupa lavada, estendida. Te vejo espriguiçar, te deixo me lamber. Ponho na cama. Levo pra passear. Mimo, estrago, enfeito. Te largo, te deixo virar latas. Deixo a janela aberta porque sei que você sabe o caminho de volta. Preparo os novos novelos. Cheiro panos se bater a saudade. Aqui é teu segundo lar. Teu pulo telhado. Único lugar de paredes sólidas onde não precisas se preocupar com a forma de render-se a preguiça e ao agito. Eu te passo um pente, um elogio. Leite no pires. Sobremesa. Dedos melados de nutella. Voz de criança mimada e misto de apelidos estranhos. Te canto uma música da Bruni. Falo de coisas que você já sabe, que você já viu e ainda sim me olhas com cara surpresa. Ainda falta te falar tanto, no sofá ou na varanda. Parta. E pule a janela. Mas lembre-se de não avisar.

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