domingo, 20 de dezembro de 2009

O sopro, o suspiro e as asas - parte 1 de 3.

Yo suelto mi canción en la ventolera, Y que la escuche quien la quiera escuchar ♪'

Vento. Soprou-me um aqui agora. Em forma de palavras. Letras que se chocam com a pele numa ordem ousada de dizer verdades. Para que as mesmas aconteçam, e também todas as demais coisas que o vento traz, é necessário por os pés pra fora ou, quem sabe, deixar-se esquecer a janela aberta. Em alguns lugares dizem que ele leva a loucura, e crianças dizem que ele tornará eternas suas caretas. Balança, derruba, resseca, resfria - mas aqui não eterniza. Leva, limpa, varre. Como esquecer o que estava fazendo, correr para as primeiras gotas de chuva na rua, abrir os braços, cessar passos, pulsos, abrir a boca - e mesmo que dali não saia nada - gritar sua loucura ao mundo. Deixa que o sopro beije teus pelos, bagunce teu cabelo, ajeite teus braços como asas, tape seus olhos e leve tudo que de peso te impedia de voar. Leve. Voa. Aproveitar, soltar, que outro desse pode demorar a passar.

Um comentário:

Tiago Fagner disse...

Eu senti como se uma brisa muito boa me varresse enquanto li o texto. Bons fluídos!