quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Modo


Acabo de começar a me por em palavras. Prevejo não parar, não reler e não reter-me em rascunho velho e perdido. Aprendi a pouco o pulso. Não sei em qual esquina dobrei, ou que pedra tombei, e deixei o impulso ao chão. Era a ferramenta de fácil manuseio – apesar de um pouco pesada – que agora faria uso. Faria dela a maneira com que conduziria pés, vomitaria palavras, e perderia o escudo que achei de vestir. Faria-me transparente e mais parecido comigo mesmo. Por vezes pego-me canceriano numa cadeira a qual me colo, me acomodo. Atei-me a isso. E num confronto, de ringue espelho, questiono e questiono. Dou voltas no eixo. Tonto, e um pouco perplexo, decido desacreditar no ditado do vendedor de cigarros. Há de bater à porta outra oportunidade em que conduzirei você, com minhas sílabas, a escrever nessa história um pouco mais de desaforo e futuro. Quem sabe à pele mais de canção da madrugada – ou vestígios de irritação e ansiedade à ponta dos dedos. Não caio no otimismo, tão pouco decaio no pessimismo. Equilibro-me na linha tênue de guarda-chuva e nariz pintado. Queixo-me a paredes, e tateio lacunas durante o sono leve de todas as noites. Ei de, como disse, não reter-me no rascunho velho e perdido dos últimos dias.

Um comentário:

Diogo de Oliveira disse...

Se você sair do rascunho sem se achar.. irá se ater ao que? Ou melhor, não saímos dos rascunhos e eles tem a validade que só nós conhecemos..