quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Indomável


O caminho que percorre todos dias, em algum momento, passa a se parecer com nada. As pedras passam a ser nada, as flores e a calçada. É preciso que ateei chama ou que inunde. Tome um outro percusso. Ainda que mais longo. Abstrair o velho atalho que te prendeu no tempo ao invés de poupa-lo. Ainda que na última noite tenha se arrependido de dos trajetos que te fez não reconhecer-se. Ou que o barulho venha a cessar sua calma. Necessidade consciente de enxergar o novo. Por mais que visão possa não ser a dos desejos mirabolantes da insônia. É lidar consigo na linha que beira o caos e a paz. Deixar-se mover pelos ponteiros no lugar de conta-los. Substituir a pacificidade pelos limites.
Ao chegar em casa, encara-te no espelho. O que fazes com face é reflexo de que? Vem carregado nos poros, na fotografia na carteira e nas velhas canções o que sobrou de si. Como quem adora totens. Ajoelha para si mas cansa. Rompe a imagem. Está aí nova forma. Contornos mais bem talhados e sentimentos lapidados. É mudança em hora limite. Desconhecer-se e fazer-se novo.
Ao cair da noite, depara-te com os pensamentos. Estes já não podem ser atados pois não tem o cansaço do físico. Então, entrega-te. Tudo que jurou não fazer, lugar que jamais pensou em ir, pele que repetiu feito mantra para não percorrer, e noites dessas... coisas que contradisse e não sabe bem porque. É que és a própria aberração. Medo do próprio medo. Diferença. Estranho corpo e alma. Desconectado e sem explicação. Resultado de permitir-se ao pensamento sem amarra.

Um comentário:

te seguirei, assim como o vento... disse...

Para meu amigo mais notavel...
muito lindo meu pequeno principe
minha saudades por vc aumenta cada dia te amo para a vida toda,,,