sábado, 23 de outubro de 2010

Tem o fogo do juízo final

Em 16/09/2010

A noite é fria e coberta com o disco da maysa, com uma xícara vazia, fumaça e brisa. A pele está distante da batida do som de sexta a noite e de alguns corações. O tato está imerso nas primeiras brumas da madrugada. E ela, a pele, um tanto marcada, um tanto arrepiada, pouco hidratada. A mente, em caminhos sinuosos nas lembranças, dá esse aspecto ouriçado nela toda vez que encontra uma composição com outras peles. Mas é o peito que aperta, porque disso ele não vive apenas. Daí passa por baixo da pele um pulsar mais forte à tudo que me lembra meus segundos de eternidade. Escreveu-se nas formas que dela se fez 'posso brincar de eternidade agora sem culpa nenhuma'. Como ela se envolve e abraça, agarra e o tato não basta. Faz-se pouco sutil, porque nela reflete-se alguns sétimos e oitavos sentidos. Ah! As peles onipresentes em cicatrizes nessa agora envolta em casaco desbotado. Das vezes que se pode adormecer e transcende-la para o nunca. É um todo, que ainda não se compara com recordações em visões ainda que estivesse com olhos fechados. Sinto-a clareando a noite, em cada dobra e pelo. É como se ali morasse pedaços de quem ela se abrigou da solidão. Não, não é casca. É receptiva, sensível e pouco vulgar. É essa demora que lhe retira brilho. É essa nota da canção que a faz suar. Gotas a traceja-la. Mas e o frio? Enfim, gotas que desprendem de ônus de algumas sensações e sentimentos. Sim, há sentimentos em pele. E nela tudo faz-se transparecer. Tudo são só esses centímetros cúbicos que andam juntando-se à demais. Anda coletando aromas alheios e misturando suor por aí. Como se não tivesse quem a guie. Mas tem. Tem músculo pulsante, cansado de não palpitar. Viciado no batuque e em mandar olhos lacrimejarem. Ele anda bom nisso de ter vida própria e comandar. Mas é ela, pele, que recepciona futuro em virtudes e marcas em vícios. Faz corar, transparecer, sentir. É da que vos falo que continua a toda pra se emancipar. Que quer fazer de todo resto esquecer. Quer se dissociar. Anda a toda com desejo. Os gosta de realizar. Quer largar o pulso que teima em não querer cessar.  


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