terça-feira, 10 de novembro de 2009

Boomerangue

...gastei tanta palavra por gastar, agora as pobres tentam se salvar ♪'

As palavras, inadequadamente sinceras, saem de mim. Desfilam vestidas de vocabulários, acessórios de girias, e se lançam num lugar não-pertencente de sua verdade. O não saber lidar do mundo com o que exprimo, cuspo, falo. E a culpa deve sim ser toda da emissão, de quem atirou o que era demais no que não lhe cabia. Minha. Sou eu que engulo as palavras que eu mesmo falo. De alguma forma - qualquer uma de tantas - lançam de volta, assim, pra mim. Eu não posso e nem quero controlar. Em falas, em textos, mensagens de texto, sinais de fumaça. É um dom de fluir. Uma sina. Algo sobre histórias e seus pontos finais. Um não entender rasgando velhas imagens para que tudo que devo exprimir seja então destacado. E agora, não falo de enganos do passado, de aventuras quase recentes, nem do dito que me levou a cama e que me acordou lindamente essa manhã. Refiro tão e só a mim. À todos os meus devaneios, todos os meus corações, todas as minhas gotas de saliva perdidas/gastas em todo verbo que devo parir.

Desperadamente eu grito em português {...}
Eu quero que esse canto torto feito faca corte a carne de vocês '

2 comentários:

Tiago Fagner disse...

Odorei o "desesperadamente eu grito em português". Eu também me sinto como você, as vezes, até já escrevi sobre isso no blog! O título da postagem também foi muito bem bolado!

Diogo de Oliveira disse...

Nen todas palavras tuas, lançadas ao vento, voltam.