segunda-feira, 21 de junho de 2010

Volver III

E mesmo que tudo tenha sido deixado no mesmo lugar - as trilhas musicais empilhadas, os copos com últimos e esquecidos goles, o lençol amassado e a cinza do incenso caída - ao voltar para seu velho cenário o personagem notará, na flor de sua pele, a diferença de cada átomo e nostalgia da opacidade que a cor ambiente tomou. Tempo. Há algo que onipotentemente toma tudo e tira o significado de 'igual' que escapava-lhe pela boca. Tempo, tempo. Há de fazer com que o segundo atrás seja parte integrante do passado e não pode ser vendido separadamente. Tempo, tempo... ou tudo que digo é repleto de mentiras e o que muda são as bagagens à mão do velho personagem e seu olhar rodeado de algumas rugas!? Completará sua viagem personagem e ainda não saberá. Ficastes com a dúvida e, por vezes, optará por uma resposta dupla. Serás tolo até sentar em cima de suas malas, juntar o chapéu ao peito e conversar com Tempo. Verás que está morto nos minutos atrás e que não existe nos segundos seguintes. Serás agora, em pele, dúvida, carne, osso e ócio.

Um comentário:

Endim Mawess disse...

gostei principalmente como vc costurou o texto, porque poesia tem que ser costurada pra não perder o ponto.