sábado, 19 de setembro de 2009

Coreograficamente

Imaginei que as gotas que caiam em queda d'água sobre mim não fossem feitas de duas ou três moléculas. Que o tecido que cobre o travesseiro não fosse morto. Que o som que ouvia não vinha só e só de minha mente. Que de real, entre esses dois mundos, só a luz da lua e o toque de uma mão. Sem vermelhidão à pele que sonhou e que agora acorda querendo que asas brotem de alguns poros. Só o atrito de lençol e lençol. Lençol e pele. E só o tempo - não asas - fará esse passeio à lugares onde possamos estar fora de controle. Me notei da cabeça aos pés como não me pertencendo. Objeto estranho não identificado. Pertencente total de um lugar desconhecido. Abrindo as cortinas para ter do escuro à resposta que asas só eu mesmo posso criar. E no flerte com a metáfora percebo a conta que imaginação pode tomar - ainda mais sendo da Lua a única luz. Eu estou em mim. Repleto. Porque de alguém aqui, só futuro. Abro a janela e fecho-me para o mundo. Por enquanto. A brisa traz o arrepio obsceno. A última parte que faltava. De vocês a ausência, mas eu estou aqui. Corpo e mente. Aperfeiçoadamente. Estou aprendendo sobre asas, sobre texturas mortas e como lidar com elas. Sobre espera. Sobre essa noite que não quero explicar. Aprender a não definir as coisas para que elas nos sejam ilimitadas. Feito o obsceno.

2 comentários:

Sabrina disse...

Sinto você em suas palavras. Isso é definitivamente mágico.

PS: sempre que posso leio você.
=)

Raisa Bastos y Rodrigues disse...

Eu queria comentar o outro texto.