Cavei em minha morada poços, a perder de vista, repletos de meus sentimentos. Assim tornam-se profundos. Uns transbordam amor, dos fraternos aos shakespearianos. Outros enchem-se num movimento contrário feito por baldes e metros de corda. Reservando alegrias, aquecendo expectativas. Ah, aqui secaram-se lágrimas. Elas acabam por tirar a fertilidade da terra com seu excesso de sal. Há em tudo que sou, um tanto do muito que faz bem. Mais do que previa. Mais do que o solo seco e inabalavel que um dia prometemos a nós mesmo nos tornar. No que cavo - com unhas -, construo elevações com a terra que movo do lugar. Elas estarão sempre presente, farão, por vezes, tropeçar, sujarão o chão quando, outrora, o vento soprar. Há todo sacrificio, gotas de suor. Mas quando acordar naquela próxima manhã não precisará tirar o que lhe refresque do que já esta seco - leite de pedra, vacuo de poços. Há uma reserva, uma nascende e um moinho. É o que colho, o que me lavo, o que me valeu a pena. Obra que fiz nas diversas vezes em que pareci silenciado.
Nota do escritor: Este texto não tem semelhança com 'O mundo é um moinho' de Cartola. Não deste lado.
2 comentários:
Muito bom!
Tá eu confesso, você se superou aqui!
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